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Sabatina

João Luis dos Santos

Publicado aos sábados

14/03/2020

Monólogo ou diálogo com as palavras

O grande e saudoso Mário de Andrade dizia que tudo nessa nossa vida se passa por meio de palavras. Nossa existência está vinculada às palavras, que ouvimos, falamos, pensamos, professamos, sonhamos. imaginamos. Já a nossa saudosa poetisa, Cecília Meireles, foi contundente ao afirmar: "ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência a vossa! Todo o sentido da vida principia à vossa porta..." Os nossos avanços e os nossos recuos na vida - pessoal e profissional - são frutos das palavras com as quais vivenciamos, que trazemos para o nosso cotidiano. Muitas vezes nos pegamos conversando "com os nossos próprios botões". Aliás, nesse "mundo líquido" de hoje a pessoa com a qual mais conversamos somos nós mesmos. Ou será que sempre foi assim, mesmo no "mundo sólido" de ontem? O eu falando com o eu. Ora um monólogo, ora um diálogo. Prezado e prezada, já aprendi essa ótima lição: se as palavras são obstáculos em sua jornada (pessoal ou profissional), que tal começar mudando essas suas mal ditas (pensadas, ouvidas, professadas) palavras. É isso.

 

Recape e asfalto

Muitas discussões sobre o financiamento que a Prefeitura de Penápolis realizará com o Governo do Estado para obras de recapeamento de ruas e avenidas da cidade, bem como de asfalto novo dos pequenos trechos que ainda restam para asfaltar na cidade, especialmente no Parque Industrial. A notícia que nos chega informa que serão 11 milhões de reais em investimentos. Parece muito, mas não é. A malha asfáltica da cidade é imensa e esse recurso certamente será utilizado para melhorias de vias mais deterioradas e vias com maior uso pela população. Certamente haveria necessidade de mais recursos para fazer frente às necessidades viárias da cidade. Trata-se, sem dúvida, de uma grande conquista, considerando especialmente uma época de parcos recursos disponíveis a fundo perdido ou recursos próprios da municipalidade. Como 2020 é um ano eleitoral, as discussões e os debates foram mais acalorados. Precisa-se deixar claro que esse recurso não é para a pessoa do Prefeito de Penápolis, mas para melhorias da cidade. Também registrar que o Poder Público (Prefeitura e Câmara) não se encerra com os mandatos de Vereador, Prefeito e Vice. A vida na cidade continua e não pode ficar à mercê dos anos eleitorais. Ledo engano daqueles que acham que o eleitor votará ou deixará de votar alguém porque a sua rua foi não recapeada. 

 

Saúde e outras áreas

Alguns comentários que a cidade tem outras prioridades parecem soar como corretas, mas a população (e aqueles que ocupam cargo de liderança também) precisa ter a consciência de que existem “recursos carimbados” para determinados investimentos e obras. Recursos do orçamento do Estado ou da União para infraestrutura urbana, por exemplo, não podem ser destinados para a Saúde. Recursos para investimento em Educação não podem ser destinados para o Esporte ou Agricultura. Se existem problemas de investimento na saúde, há necessidade de redirecionar os recursos do SUS e recursos próprios do município para melhoria da gestão da saúde. Ou buscar junto ao Estado e à União novos investimentos. Aliás, as Prefeituras têm investido mais de 30% em saúde pública, certamente para cobrir a ausência de projetos em saúde do Estado e da União, porque a população que precisa do SUS mora na cidade e não pode esperar. Os municípios deveriam investir 15% do Orçamento em Saúde e hoje certamente dificilmente investem/gastam menos que 30% de seu orçamento e ainda faltam recursos. Urge em nosso país um novo, justo e necessário Pacto Federativo.

 

Financiamentos públicos

Financiamentos públicos junto ao Estado e junto à União sempre são bem vindos para investimentos na cidade. Realizados para aquisição de máquinas e veículos, construção de grandes obras de saneamento básico, infraestrutura urbana e galerias de águas pluviais, aquisição de equipamentos e veículos para área de saúde e tantos outros setores. Esse recurso volta para a cidade em obras e benefícios. Parte desse recurso volta para a Prefeitura, pois a empresa contratada para realização de serviços vai gerar empregos e vai pagar impostos que retornam para a Prefeitura. E caso seja uma empresa de Penápolis a vencedora do processo licitatório, certamente mais recursos para investimento na municipalidade. Creio que haja exageros nas críticas ao processo de aprovação e contratação desse financiamento. A Prefeitura tem que trabalhar mesmo em anos eleitorais. Há uma demanda crescente da necessidade de recapeamento asfáltico na cidade. O financiamento será de longo prazo. Haverá geração de empregos nas obras e parte do recurso será retornado para Prefeitura em impostos que serão pagos pelas empresas prestadoras de serviços. Qualquer Prefeito, de qualquer partido, em qualquer tempo, não deixaria passar essa rara oportunidade. Àqueles que são críticos, o dever de acompanharem e fiscalizarem a execução das obras e a aplicação correta dos recursos públicos.  

 

Preconceitos

Há um certo preconceito relacionado à atividade político-partidária na cidade, no país e no mundo.  Quem se dispõe ser candidato e ocupar uma função pública eletiva deve merecer os nossos aplausos e o nosso respeito, pois abrem mão de sua privacidade para dedicar ao exercício democrático da representação. Evidente que, mais cedo ou mais tarde, o voto popular e o julgamento da Justiça alcançaram aqueles que agem sem ética e mal intencionados Se o cidadão e a cidadã, que têm ética e a defesa do interesse coletivo em suas intenções, dispõem-se colocar seus nomes à disposição do voto popular, devem merecer os aplausos de todos e todas. Não é vida fácil, bem ao contrário do que se alardeia nas mídias sociais e nas esquinas da cidade. O fato de ir à feira, às quermesses, ao centro comercial, às Igrejas, realizando atividades não costumeiras de sua vida particular, o (a) pré-candidato (a) já está sofrendo com julgamentos antecipados. A frase “lá vem eles” virou mote nas rodas populares. Não terá vida fácil os candidatos e as candidatas. No entanto, temos o dever e a obrigação de incentivar, formar, capacitar, estimular e aplaudir todos e todas que se colocam à disposição para o exercício democrático da representação popular. Sem a política não há democracia nem cidadania.

 

 Recado de Aristóteles

“A política não deveria ser a arte de dominar, mas sim a arte de fazer justiça”.

 

santos.joaoluis@yahoo.com.br

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