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Sabatina

João Luis dos Santos

Publicado aos sábados

21/03/2020

Muitos desafios na cidade

Alguns bons e críticos leitores de nosso espaço aqui no jornal INTERIOR enviaram algumas indagações sobre a nossa defesa do financiamento de 11 milhões que a Prefeitura de Penápolis está contratando com o Governo do Estado para duas ações relacionadas à infraestrutura urbana: pavimentação (1 milhão) e recape asfáltico (10 milhões). Uma das indagações seria sobre o direcionamento de parte desse recurso para custeio ou investimento na área de saúde. Trata-se de recursos destinados e contratados para investimentos, por isso se trata de financiamento, devendo a Prefeitura realizar obras e serviços que também gerem novos empregos e renda. Ademais, são recursos para infraestrutura urbana. Outra indagação foi relacionada ao direcionamento dos recursos para apenas duas áreas de infraestrutura urbana. De fato, existem outras demandas de infraestrutura urbana na cidade, como, a título de exemplo, construção de pontes, aquisição de caminhões e máquinas para Secretaria de Obras ou de ônibus para o transporte coletivo. Muitos são os desafios de uma cidade e tais desafios atravessam e perpassam os mandatos eletivos dos Prefeitos e dos Vereadores.

 

Participação

Quando o Poder Público ouve mais e melhor toda a população, a possibilidade de equívocos será sempre menor. Nesse sentido, a Prefeitura dispõe de mecanismos administrativos e políticos que possam sistematizar as prioridades da população para os investimentos públicos. Os recursos disponíveis sempre bem menores do que as demandas existentes. Como faz para resolver isso? Estabelecendo prioridades. E como se estabelece prioridades? Sem visão humanista e sem uma perspectiva de médio e longo prazo e especialmente com ouvido e olhar atentos para os interesses legítimos da maioria da população que, em tese, é a garantia dos direitos básicos dos cidadãos e das cidadãs. Cada cabeça, uma sentença. Porém, na esfera pública, as lideranças têm que entender que nem sempre a sua sentença é a melhor para a democracia e para a municipalidade. 

 

Boçalidades

A seguir, trechos de um artigo do cientista político, professor e jornalista Leonardo Sakamoto, com importantes reflexões sobre as boçalidades executadas pelo Presidente da República Federativa do Brasil, senhor Jair Messias Bolsonaro. “Desde que voltou dos Estados Unidos carregando um novo membro - o coronavírus - em sua comitiva, o presidente Jair Bolsonaro fez dois testes que teriam dado negativo. Nunca mostrou, contudo, o resultado, como era de se esperar de um chefe de Estado em uma democracia. Agora, chegam a 22 os brasileiros que estavam com ele na viagem que estão com Covid-19. É uma questão, portanto, de confiar nas palavras de um mandatário que chama o coronavírus de "fantasia". O mesmo que afirma que o ator Leonardo DiCaprio financia incêndios na Amazônia. A infecção chegaria aqui de uma forma ou de outra - inclusive, essa é a crítica que tem sido feita à área econômica do governo, que demorou para soltar um plano de contingência mesmo sabendo que viria a nossa vez. Mas pelo número de infectados nessa viagem do presidente, involuntariamente, ela foi vetor de distribuição do vírus no Brasil”.

 

Coisa séria, presidente brincando

“Por enquanto, são 22 os membros dessa comitiva que foram infectados com o coronavírus. A simbologia era forte: o presidente da República, rasgando as regras estabelecidas por seu próprio ministro da Saúde, em frente à sede do governo brasileiro, para apertar as mãos de pessoas que pediam o fechamento do Congresso e um novo AI-5 (ato que possibilitou baixar censura e cassar liberdades) e, depois, questionado por isso, disse que o problema era só dele e que ninguém tinha nada a ver com isso. Desejo pronta recuperação a todos, mas também que o presidente seja transparente. Transparência não é concessão que governantes fazem a cidadãos, mas uma obrigação. A condição de saúde de um presidente da República não é uma questão de foro íntimo, mas de interesse público, pois situações que os incapacitam permanentemente ou momentaneamente causam impactos na vida das pessoas”.

 

Brasil em risco

“No último domingo, ignorando as recomendações médicas para se manter em isolamento de sete dias por ter feito uma viagem internacional e de evitar aglomerações, Jair Bolsonaro foi confraternizar com uma multidão de fãs em frente ao Palácio do Planalto. A simbologia era forte: o presidente da República, rasgando as regras estabelecidas por seu próprio ministro da Saúde, em frente à sede do governo brasileiro, para apertar as mãos de pessoas que pediam o fechamento do Congresso e um novo AI-5 (ato que possibilitou baixar censura e cassar liberdades) e, depois, questionado por isso, disse que o problema era só dele e que ninguém tinha nada a ver com isso. Tinha sim, ele podia ser vetor de transmissão. Afirmou que não havia problema, porque se sentia bem, reforçando o mau exemplo: mesmo sem sintomas, as pessoas transmitem o vírus. Um contaminado, dessa forma, pode colocar a vida das pessoas em risco”.

 

Segredo da cura

“Sob panelaços por conta de seu comportamento egoísta durante a crise, Bolsonaro tentou armar um show, colocando um grupo de ministros para mostrar que seu governo está fazendo algo na quarta. Parte dos seus auxiliares sim, está. Mas ele, não. Chegou a ser patética a tentativa coletiva de mostrar que Bolsonaro é o grande "timoneiro" desse processo, quando eles mesmos sabem que tem sido apenas o entrave. A falta de transparência de Bolsonaro acaba dando margem a múltiplas especulações. Ele pode ser alguém bem sortudo, o que considerando sua trajetória não seria a primeira vez. Mas é pitoresco que profissionais do convívio próximo do presidente, como um ajudante de ordens e o chefe do cerimonial, tenham pego. Uma hipótese é que, a despeito do comportamento e risco e do ambiente contaminado, Jair seja imune. Nesse caso, valeria a pena cientistas coletarem amostras do presidente. Pois, em suas veias, pode correr o segredo da cura”. (texto do jornalista e cientista político Leonardo Sakamoto)

 

santos.joaoluis@yahoo.com.br

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