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Sabatina

João Luis dos Santos

Publicado aos sábados

16/05/2020

O público, o privado e o partidário

A instalação de uma extensão da Santa Casa no prédio particular em que mais recentemente funcionou o Hospital da Unimed (e onde no passado mais remoto também funcionou o Hospital Luiz Valente), com a finalidade exclusiva e temporária para atender futuros e possíveis casos de pessoas que necessitarem de atendimento hospitalar, resultante da pandemia do coronavírus, tem rendido muitas histórias e controvérsias em Penápolis, colocando em cheque, inclusive para muitos, a veracidade de alguns casos de contaminação pelo convid-19 na cidade. De um lado ou de outro lado, quando as informações são contaminadas por interesses privados, partidários e eleitorais, abrem-se brechas para atos de desinteligência. Uma guerra que ninguém ganha, mesmo aqueles que estejam com a mais sublime boa intenção.

 

Pandemia política

Todos perdem a razão e o imediatismo acaba por interferir nos verdadeiros interesses coletivos e comunitários. Evidente que todos os comentários discordantes partem do pressuposto de que os valores pagos, a título de locação predial, são muito significativos e poderiam ser investidos em espaços públicos ou na ampliação de espaços na própria Santa Casa. Torna-se uma pandemia dentro da pandemia, gerando desconfianças de toda ordem. O momento exige de todos e todas mais humildade, mais ponderação e diálogo ético, mais espírito de coletividade e zelo com os recursos públicos. Quando o interesse privado ou o interesse partidário se sobrepõem aos interesses público e coletivo, outra pandemia se instala. E não há tratamento sustentável para ela.

 

Pandemias em Brasília

Todos já sabiam que o Presidente Jair Messias Bolsonaro nunca teve tino para gerenciar sequer uma pequena tropa do Exército, dirá um país. Todos sabiam de seu comportamento bipolar e sua intenção seria “colocar fogo no circo para ver como fica”. Totalmente despreparado para a função pública ou qualquer função de liderança mesmo no setor privado. A saúde de um novo Ministro da Saúde, em poucos meses, demostram o total descontrole político, administrativo e emocional do Presidente da República. O médico carioca Nelson Teich deixou de ser Ministro da Saúde, deixando menos de um mês após substituir no mesmo cargo o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. Ambos saem do cargo porque discordam das “doideras” de Bolsonaro.

 

Posição da ciência

Da mesma forma que Mandeta, o já ex-ministro Nelson Teich defendeu publicamente posições contrárias àquelas expostas exaustivamente pelo Presidente Bolsonaro. O médico ministro, em consonância com cientistas, pesquisadores e técnicos na área de saúde do Brasil e do Mundo, afirmava que o distanciamento social é a principal medida de combate à pandemia no novo coronavírus, enquanto Bolsonaro continua regurgitando a ideia de que apenas pessoas do grupo de risco deveriam ficar em isolamento, ideia essa considerada absurda por todos. Outra divergência clara, em favor da ciência e da saúde, o ministro contrariou abertamente o presidente ao dizer que “o uso da cloroquina no tratamento contra a convid-19 deve ser feito com restrições, já que a substância pode desencadear efeitos colaterais”.

 

Caldeirão de intrigas

Bolsonaro está experimentando uma sequência de perdas de aliados e admiradores de primeira hora. Quando as pessoas começam conhecer de perto a figura bolsonariana, há o desejo de abandonar o barco. O caso mais simbólico, sem dúvida, foi o do seu principal cabo eleitoral, o ex-juiz e agora ex-ministro Sérgio Moro, que afirmou que não conhecia Bolsonaro direito e que agora conhece, por isso que saiu do governo. Agora, os governadores de São Paulo e do Rio de Janeiro, aliados de primeiríssima hora, agora são inimigos declarados. João Dória tem atacado sem dó o descontrolado Presidente da República. Disse Dória que o presidente “coloca o país em um caldeirão interminável de intrigas em meio ao combate à pandemia do novo conoravírus”. Diz, ainda, o governador do Estado de São Paulo: “o Brasil acorda assustado com as crises diárias de agressões a democracia, ao Congresso, ao STF, a imprensa, agressões a ministros do seu próprio governo. Como senhor fez e continua fazer. Fez com Bebbiano, com Santos Cruz, com Sergio Moro , fez com Mandetta e fez agora com Nelson Teich. Presidente, governe. administre o seu país com equilíbrio, paz no coração, discernimento e grandeza. Pare com as agressões, de colocar o país em um caldeirão interminável de intriga. O país precisa estar em paz", De fato.

 

Movimentação nos bastidores

Os bastidores políticos em Penápolis e nas cidades da região, mesmo em tempos de isolamento e de pandemias, estão movimentando as lideranças e os partidos políticos visando a preparação para o pleito municipal de outubro. Candidatos a Prefeitos, vices e vereadores buscam alternativas em legendas novas e também nas antigas. O calendário, por ora, está mantido e as eleições municipais serão no primeiro domingo de outubro, dia 04. As convenções partidárias deverão ser realizadas no decorrer do mês de julho. O TSE – Tribunal Superior Eleitoral – tem recebido diversas propostas de mudança do calendário eleitoral de 2020. De outro lado, também há o planejamento de procedimentos que possam ser efetivados caso a pandemia continue até o mês de outubro. De uma forma ou de outra, do mesmo modo que a sociedade em geral, em seu conjunto de atividades cotidianas, as campanhas eleitorais também terão que se reinventar e os eleitores, cada vez mais exigentes, vão desejar escolher candidatos melhores preparados para os grandes desafios que teremos pela frente em todas as cidades brasileiras.

 

Recado de Sérgio Moro

“Avisei que seria interferência política e Bolsonaro disse que era mesmo”.

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