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Sabatina

João Luis dos Santos

Publicado aos sábados

27/06/2020

Viver São João Batista

A expressão “Viva São João”, muito utilizada nos tempos normais das Festas Joaninas ou Festas Juninas tem duplo sentido. Viva no sentido de festejar, de glorificar. Viva, no sentido de viver como ele viveu. No primeiro sentido, glorificar João, filho de Zacarias e de Isabel, primo de Jesus Cristo. No segundo sentido, viver igual a João, filho de um milagre, preparado toda a vida para um propósito bem definido. João Batista viveu plenamente o seu propósito, embora tenha vivido apenas 32 anos, um a menos que Jesus Cristo. Na verdade, João Batista foi encarcerado e assassinado por decapitação. Mesmo assim, tinha realizado o seu propósito de vida e tinha plena consciência disso. Realizou tão bem o seu destino, que dois mil anos depois estamos aqui escrevendo sobre ele. Meu nome é João, nascido na véspera do dia comemorativo do nascimento de São João. O mesmo nome de meu avô materno, João José de Souza. Cresci no meio das fogueiras, dos fogos de artifícios, rezas, terços, bolo, doces, danças, quentão e vinho quente e trago comigo essa memória afetiva. Peço permissão ao prezado leitor e à prezada leitora para compartilhar um breve resumo da história desse Homem Santo, que foi um dos grandes protagonistas para a construção do imaginário e do plano da Salvação.

 

João e Jesus

Isabel era prima e muito amiga de Maria. Sempre se encontravam e tinham bons diálogos sobre a vida. Isabel tinha idade avançada, uma idosa nos padrões de hoje. Já Maria uma jovem, entre 14 e 18 anos de idade. A diferença de idade não separou as duas no propósito do que estava por vir. Propósito que trouxe jovialidade para Isabel e maturidade para Maria. Ambas são expressões deliberativas da missão, da bondade e da fidelidade. Dois milagres aconteceram milhares de anos atrás. Isabel, até então estéril, ficou grávida. Também ficou grávida Maria, virgem. Houve em ambos os casos a intercessão dos Céus, enviando, o Senhor, Anjos para anunciarem as Boas Novas para essas duas mulheres santificadas. Fico aqui imaginando como as vidas dessas mulheres se transformaram a partir de então. O que pensavam? O que planejavam? O que falavam delas?

 

Experiências de milagre

Certamente, entregaram tudo nas mãos de Deus. O plano seria Dele e, Elas, instrumentos de Vossa Paz. Isabel teve ao seu lado o marido Zacarias. Maria, teve o noivo José. Homens fieis e igualmente santificados. Maria, como era de costume, foi visitar Isabel às montanhas em Judá para contar a novidade. Ambas grávidas. Lucas narra a passagem: "Entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo".  O filho de Isabel, mais velho seis meses, no ventre de sua mãe, faz uma reverência e reconhece a presença do Cristo Jesus. Isabel exclamou em seguida: “Bendita, és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre”. Maria ficou com Isabel cerca de três meses, certamente orando, cozinhando juntas, vivenciando ambas as experiências do milagre.

 

Precursor do Messias

Os estudiosos bíblicos apresentam com todo rigor a figura de João Batista como Precursor do Messias, cujo dia do nascimento é também chamado de "Aurora da Salvação".  E, naquele dia, na vizinhança da casa de Zacarias e Isabel, apresentou-se uma divergência entre amigos e parentes sobre o nome do Precursor que, na opinião deles, deveria receber o nome de alguém da família, conforme a tradição judaica. Então, Zacarias – que estava mudo por ordem do Anjo Gabriel – escreveu em uma tábua: “João será o seu nome”.  Isabel já estava convicta que o nome seria João, que em hebraico significa “Graça de Deus”, “agraciado por Deus” ou “Deus é propício”. Em datas de hoje, João nasceu em 24 de junho, exatos seis meses antes do Natal de Jesus, em 25 de dezembro.

 

Cordeiro de Deus

Sempre em conformidade à narrativa do evangelista Lucas, o menino João cresceu e fortificou-se em espírito, viveu no deserto, fez peregrinações, até que se apresentou convicto de sua missão junto ao povo de Israel. Firme em suas convicções, pregava sobre a necessidade da conversão e do batismo. Por isso, foi confundido com Jesus. Com humildade respondia: “Eu não sou o Cristo”. "Não sou digno de desatar a correia de sua sandália". Dizia ainda: “Eu sou a voz do que clama no deserto: endireitai o caminho do Senhor!”. João difundiu a prática da ablução (rito de purificação, batismo) com água no Rio Jordão, o que redundou em seu apelido de Batista. Assim estava se preparando para a sua Grande e Gloriosa Missão: batizar o próprio Jesus Cristo, que foi apresentado por João ao povo como o verdadeiro Messias com as seguintes palavras: "Eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”.

 

Ninguém maior que ele

Jesus, falando de João Batista, segundo Lucas, tece-lhe o maior elogio registrado na Bíblia: "Jamais surgiu entre os nascidos de mulher alguém maior do que João Batista. Contudo o menor no Reino de Deus é maior do que ele".  João Batista foi preso por ordem do rei Herodes porque estava falando muitas verdades sobre os fariseus e as farisaicas e seus conluios imorais com os romanos. Depois de três meses na prisão, foi decapitado com 32 anos de idade. Menos de um ano depois, as mesmas autoridades farisaicas em conluio com os romanos, prenderam e crucificaram Jesus Cristo, com 33 anos de idade. Aqueles que prenderam, martirizaram e assassinam João e Jesus não sabiam que estavam iniciando uma grande história – divina e maravilhosa – que até hoje move e mobiliza bilhões de seres humanos na busca plena da transformação e da Salvação. “São João, pregador da penitência, rogai por nós. São João, precursor do Messias, rogai por nós. São João, alegria do povo, rogai por nós”. Amém. Assim seja.

 

santos.joaoluis@yahoo.com.br

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