JARDIM DO LAGO 6 NOVO HORIZONTAL TOPO

Osvaldo Galindo: das paredes de casa aos quadros de Arte Naif

Cidade

JOVEM PAN PENÃPOLIS

Desde muito pequeno, Osvaldo
Galindo, hoje com 59 anos, foi uma daquelas crianças que adorava pintar o chão
e as paredes de casa. "Eu pegava pedaço de carvão e pintava nas paredes de
casa muitos animais como elefante e muitos carrinhos e caminhões",
expressando com enorme dificuldade na fala. Mas, a princípio o que é uma
grande dificuldade de comunicação se traduz brilhantemente nas obras desde que
é um dos principais artistas de Arte Naif [ou Arte Primitiva Moderna] de
Penápolis. E além de participar em diversos catálogos de arte, teve suas obras
expostas em galerias em São Paulo e no exterior.

"A última vez que o Museu do
Sol expôs parte de seu acervo na Europa, também foi obras de Osvaldo
Galindo", comenta o monitor do Museu do Sol Joaquim Alberto Fernandes, o
Beto.

Em suas obras, Galindo traduz
perfeitamente suas memórias afetivas de coisas que vivenciou durante a vida.
"Amo pintar paisagens, tiro ela da minha cabeça, da minha
imaginação".

Já Célia Muçouçah explica que
Galindo trabalha com estímulos visuais. "Ele não trabalha com repertório,
o negócio dele é movido pelo estímulo visual que lhe é ofertado. Por exemplo,
quando ele ia para a Aparecida do Norte ou São Paulo, ele voltava pintando as
paisagens dessas cidades, porque ele tem memória fotográfica e isso norteava a
obra dele. Hoje ele reclama que não está saindo da cidade e sem dúvida nenhuma
isso traduz nas obras dele", salienta.

Tanto é, que em uma das
exposições organizada pelo Museu de Arte Moderna, a Pinacoteca do Estado de São
Paulo e onze galerias da capital paulista, as obras de Osvaldo Galindo mereceu
destaque em artigo publicada na Revista Veja no fim dos anos de 1980. Em um dos
trechos a revista ressaltava: "Galindo,
porém, destoa um pouco da imagem associada aos ingênuos. Ao contrário do que
ocorre com a maioria deles, ele se ocupa, em seus quadros, em registrar
paisagens distantes do meio em que vive e mostra uma realidade ao mesmo tempo
próxima e inacessível. Galindo é observador que se mantém afastado de seu tema.
Para ele o centro de Penápolis é na verdade uma grande cidade, cuja agitação
tenta captar".
E continua em outro momento: "Galindo é um dos poucos primitivos a adotar a perspectiva em
seus quadros [...] organizando muito mais o espaço visual em suas obras".


Osvaldo Galindo ficou conhecido
pelas densas paisagens noturnas, em cenários eminentementes urbanas. Mas,
atualmente ele pinta mais sobre a luz do dia. Ao explicar porque não está mais
saindo de casa a noite, entende-se o que porquê das paisagens diurnas.
"Chego em casa cansado [passa o dia inteiro recolhendo papelão  pelas ruas de Penápolis], além disso, está
muito perigoso e violento andar sozinho a noite".


Museu do Sol

Galindo chegou ao Museu do Sol
com 15 anos. Na época, grandes artistas do Brasil passavam pelas oficinas de
pinturas que a entidade mantinha.

"Eu pintava bastante no meio
do povo. Entre eles estavam Elias Escardovelli, Altamira Borges e o japonês
[que ele chamava carinhosamente o artista Yoshifume Yoshizawa]".

Por um tempo Galindo deixou de
pintar seus quadros, mas, nem por isso suas obras perderam a qualidade que
outrora conquistara. "Galindo sempre fez o que ele quer. Ultimamente ele
está usando muito as cores puras, mas, o que faz ele genial é que ele mistura
as cores diretamente na tela. É impressionante como ele define uma cena na
tela", comenta Célia.

Beto e Célia comentam que desde o
inicio de 2015, vem fazendo um trabalho de convencimento para que Galindo possa
passar um período [principalmente pela manhã] para restaurar os quadros que
estão no acervo do museu, bem como, constituir novas obras.

"Nós tivemos que auxiliá-lo
em diversas áreas, principalmente, porque ele mora muito mal - sem banheiro,
com muita sujeira, pouca iluminação e sem janela para a ventilação. Com a ajuda
que damos até hoje ele se sente acolhido e assim ele vem fazer o que ele
realmente gosta de fazer - pintar", comenta. 

Assim que o Galindo recuperou
alguns quadro, Célia e Beto procuraram alguns amigos que apreciam a arte e
ofereceram os quadros no qual foram prontamente aceitos. "Esses trabalhos
ajudam manter o Galindo".

Célia explica que as antigas
obras estão com preços bem acessíveis e é só procurarem no Museu do Sol -
Avenida Rui Barbosa, 798, centro, mas, lembra que a vontade de Galindo é ter
uma casa para morar com mais dignidade e poder viajar e conhecer novos lugares
que servirão de estímulos para novas histórias, pintadas por um dos maiores
artistas de arte naif do Brasil.



COLÉGIO FUTURO - Horizontal topo

Comentários

Atenção: Os comentários feitos pelos leitores não representam a opinião do jornal ou do autor do artigo.