1ª indígena vacinada no país, Vanuzia Santos é técnica em enfermagem
Saúde
Moradora da aldeia ‘Filhos Dessa Terra’, ela tem 50 anos e também é formada em assistência social
Da Redação 17/01/2021Vanuzia Costa Santos, de 50 anos, moradora da aldeia multiétnica Filhos Dessa Terra, na cidade de Guarulhos, é a primeira indígena do Brasil a se vacinar contra a Covid-19. Técnica em enfermagem e assistente social, Vanuzia também preside o Conselho do Povo Kaimbé, originário do Nordeste.
Ela decidiu estudar, lutar por direitos e um dia retornar para cuidar dos moradores da aldeia de Massacará, na cidade baiana de Euclides da Cunha, onde nasceu. Atualmente, a aldeia de Massacará tem cerca de 200 famílias, com representantes de pelo menos 180 delas residentes em São Paulo. Vanuzia veio para o estado em 1988 para trabalhar e se aprimorar na carreira profissional.
“Fiquei muito feliz de participar deste momento. Sou defensora da vida, de outras vacinas, da prevenção e da saúde. Devemos valorizar a educação, a ciência, e isso pode ser conciliado mantendo uma crença, com as rezas e a medicina tradicional do meu povo”, afirmou. Ela detalhou a atuação no engajamento de demais famílias indígenas sobre a importância da imunização.
Vanuzia orienta as comunidades sobre a suscetibilidade aos vírus, relembrando sua experiência como técnica de enfermagem na Casa do Índio, onde trabalhou por dez anos. Ela concluiu a graduação em Assistência Social com bolsa integral pela PUC-SP no ano passado, com aulas à distância no último ano devido à pandemia.
“O sinal era horrível na aldeia, corria com guarda-chuva para baixo de uma árvore. Fiz meu TCC inteiro pelo celular”, contou. Agora, pretende fazer residência em Saúde Mental para continuar a contribuir com seu povo e manter viva a herança dos ancestrais.
Ela também relatou o drama que viveu com a Covid-19 e os sintomas mais severos em maio passado. Solteira, com um filho de 24 anos, Vanuzia descreveu o sofrimento provocado pela doença: dores no corpo, tosse e severa falta de ar, além da ausência de olfato e paladar que persiste até hoje.
“Não fui para o hospital porque ajudava a cuidar de outras seis pessoas, precisava ter força para dar uma palavra de conforto e cuidar deles sem me abater. Tinha um oxímetro - equipamento que mede a saturação de oxigênio na corrente sanguínea -, mas não media minha respiração para não me apavorar. Fiz o teste em 15 de junho e já estava curada”, finalizou. (*) Com informações da A/I do Governo de SP
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