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1ª vereadora cadeirante na história da Câmara, Letícia defenderá políticas de inclusão

Política

Ela, que tem 38 anos, obteve 680 votos, conquistando a 7ª posição na legislatura 2021/2024

Letícia Sader é formada em Direito e servidora pública estadual há 10 anos

Letícia Sader é formada em Direito e servidora pública estadual há 10 anos. Foto: Divulgação

JOVEM PAN PENÁPOLIS

Uma das “caras novas” da futura legislatura, que terá nove vereadores estreando no exercício da atividade parlamentar em Penápolis, é da servidora pública estadual Letícia Takano Sader, de 38 anos, filha do meio de três irmãos, eleita com 680 votos e a primeira cadeirante na história política da cidade a compor a Câmara.

Formada em Direito, pós-graduada em Direito Tributário Empresarial e pós-graduanda em Diversidade, Inclusão e Cidadania, ela, que já presidiu a Adefipe (Associação dos Deficientes Físicos de Penápolis), atuou em diversos projetos sociais do Rotaract e Rotary Club.

Agora, como vereadora, Letícia pretende focar sua atuação na adoção de projetos de inclusão e acessibilidade, já que, em sua visão, Penápolis “parou” em políticas neste sentido, além da proteção animal e do meio ambiente, assuntos pertinentes. Confira a entrevista:


Quais foram os motivos que a levaram concorrer uma das vagas da Câmara?

A falta de representatividade na Câmara foi o que mais me motivou. Como mulher e pessoa com deficiência, não me sinto representada e também porque acredito que precisamos de uma política mais voltada ao ser humano.


Como foi a aceitação dos familiares e amigos quando decidiu entrar na disputa?

Antes de decidir me candidatar, consultei a minha família primeiro. Sou muito ligada a eles, pois somos muito unidos e o apoio deles sempre foi fundamental para mim. São eles que me dão a oportunidade de produzir e realizar e, se hoje sou uma Letícia ativa, é porque a minha família me dá suporte para ser cada vez mais. Meus amigos são os melhores que eu poderia ter. Sempre me incentivaram e acreditaram no meu potencial, mais até do que eu mesma acho. Se dependesse deles, eu já teria sido candidata em 2016, mas não me sentia preparada na época.


Sempre pensou em se candidatar a algum cargo?

Nunca foi um sonho me candidatar a nada. Sou um pouco tímida, tinha pavor de falar em público, não queria me expor e ser o centro das atenções. Mas os caminhos da vida me levaram a ocupar alguns cargos. Quando me tornei cadeirante em 1995, em decorrência de um acidente de mergulho, eu não tive nenhuma referência de pessoa com deficiência. Aos poucos, fui descobrindo o meu lugar no mundo e percebi que, se eu não falasse, ninguém falaria por mim. Por isso, eu precisava dar voz a outras pessoas também.


Quais dificuldades encontrou durante sua campanha eleitoral?

Minha primeira campanha eleitoral já foi no meio de uma pandemia. Para mim, foi bem difícil porque sou do grupo de risco e precisava ser muito cautelosa e responsável no contato com outras pessoas. O mais gostoso da campanha é justamente isso: ouvir as histórias, olhar no olho do outro, trocar abraços e apertos de mãos. Diante disso, procurei me aproximar mais pelas redes sociais, o que me ajudou bastante. Pelas ruas, encontrei muita gente desacreditada da política e dos políticos. Foi um desafio tentar passar um pouco de esperança para o povo, mas eu realmente acredito que a política existe para melhorar a vida das pessoas e é em cima disso que irei trabalhar.


Durante seu mandato, quais temas defenderá durante sua atuação na Câmara?

Prioritariamente, e não é novidade para ninguém porque deixei bem claro durante a minha campanha, estão os temas relacionados às pessoas com deficiência e às mulheres, mas também defenderei políticas públicas de proteção animal e defesa do meio ambiente.


Quais são os seus projetos frente ao Legislativo?

Os meus projetos de mandato foram elaborados com a participação popular e são baseados em três principais pilares: modernidade, transparência e inclusão. Estão detalhados nas minhas redes sociais e disponíveis para consulta. Nada de promessas mentirosas ou propostas mirabolantes. São compromissos que assumi, porque sei que são viáveis e possíveis de serem executados. Alguns deles são: fiscalização do dinheiro público; defender o que for bom para a cidade, independentemente de partido político; criar possibilidades para que os cidadãos participem efetivamente e ajudem a construir as decisões dos mandatos; projeto Gabinete Itinerante onde, a cada final de semana, levar o meu gabinete para um bairro da cidade e ouvir as demandas das pessoas, criando mecanismos para que construam a cidade junto com a gente, opinem e participem; aplicativo Meu Vereador, onde os eleitores poderão acompanhar em tempo real as votações na Câmara e dar a sua opinião onde, com o aplicativo, poderão ainda denunciar problemas em seus bairros.


Em sua análise, Penápolis pode ser considerada uma cidade com inclusão para pessoas com deficiência? O que é preciso fazer para que este cenário mude em caso negativo?

Penápolis estacionou na questão da inclusão e acessibilidade. Precisamos avançar. Vi muitos candidatos a vereadores falarem sobre inclusão em suas campanhas sem o mínimo de conhecimento. Alguns, inclusive, já vi estacionarem indevidamente em guias rebaixadas ou vagas reservadas para pessoas com deficiência. Isso me irrita! Já fui usada por vereadores na expectativa de abraçarem a causa mas que, na verdade, só queriam tirar fotos com cadeirantes para sair no jornal. Essas pessoas precisam entender que acessibilidade é muito mais do que uma rampa. É preciso ouvir para incluir. Promover acessibilidade é tornar espaços, informações e decisões ao alcance de todos e de forma simples. É disso que senti falta a minha vida toda e é isso que quero levar para a minha cidade.


O que a população pode esperar da Letícia Sader na Câmara e qual mensagem deixa para a população?

Podem esperar uma vereadora atuante, participativa e de fácil acesso. Fui a mulher mais votada nessa eleição e sou a primeira vereadora cadeirante de Penápolis. A minha eleição não é só sobre mim. Faço parte de algo muito maior. As pessoas que votaram em mim sentiram que seus anseios foram acolhidos: 680 sentiram vontade de se juntar a mim numa luta por uma cidade melhor. Vamos trabalhar muito, com pessoas que sonham e trabalham muito também, porque vamos fazer história!



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