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Aproximação para pouso com pouco combustível contribuiu para queda de aeronave

Região

Acidente aconteceu em 2017 em Rio Preto; relatório foi divulgado pelo Cenipa

William Rayes, Allyson Lima e Caique Caciolato morreram na queda de um monomotor em Rio Preto

William Rayes, Allyson Lima e Caique Caciolato morreram na queda de um monomotor em Rio Preto. Foto: Arquivo pessoal

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O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) concluiu, em fevereiro deste ano, a apuração sobre a queda do monomotor que provocou a morte de três homens em 9 de outubro de 2017, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo.

O monomotor, cujo prefixo era PT-DDB, decolou do Aeródromo de Tangará da Serra (MT), por volta das 12h, a fim de realizar um voo privado, com destino a Rio Preto. Na reta final para o pouso, foi realizada uma arremetida no ar, com curva à direita.

Durante o procedimento, a aeronave caiu dentro do quintal de uma casa, localizada a cerca de 400 metros à direita da pista. O piloto William Rayes Sakr, de 58 anos, o médico Allyson Lima Verciano, de 33, e o empresário Caique Caciolato, de 25, não resistiram aos ferimentos e morreram no local.

De acordo com o relatório final do Cenipa, o cálculo incorreto de consumo da aeronave resultou em uma aproximação para pouso com uma quantidade de combustível abaixo da mínima estabelecida pelo fabricante da aeronave, fator que contribuiu diretamente para o acidente acontecer.

“As evidências que indicam que a aeronave se encontrava em situação crítica de abastecimento, com quantidade de combustível nos tanques abaixo da mínima, são suportadas pelo fato de que a válvula distribuidora e a linha de alimentação estavam sem combustível. Dessa forma, chegou-se à hipótese de que a arremetida foi realizada com baixo nível de combustível e, durante esse período de alta demanda, houve falha na alimentação, possivelmente por exaustão, o que levou à perda de potência do motor.”

Conforme o relatório final do Cenipa, não foi possível determinar o que teria motivado a arremetida, uma vez que as condições meteorológicas e do aeródromo não apresentavam impedimento para o pouso. No entanto, dadas as características do impacto, concluiu-se que houve um mau gerenciamento da falha do motor e a consequente perda de controle da aeronave.


ALTERAÇÃO

Durante a ação inicial, a equipe de investigação constatou que havia pouco combustível espalhado pelo local da ocorrência. Em seguida, realizou a desconexão da mangueira de alimentação de combustível e da tampa da válvula distribuidora, para verificar se havia combustível nos componentes.

Nas análises realizadas, foi possível constatar que não havia fluxo de combustível para o motor no momento do impacto. Além disso, foi observado que o “nipple” da conexão de entrada de combustível para distribuidora possuía uma derivação que permitia que duas mangueiras fossem conectadas naquele ponto.

Segundo levantado pela comissão de investigação, a conexão não fazia parte do grupo motopropulsor, uma vez que apenas uma tubulação deveria levar o combustível proveniente do sistema de combustível para a distribuidora.

“Constatou-se, então, que a segunda linha conectada ao nipple era proveniente de um reservatório, que estava instalado por trás do painel de instrumentos. Esse reservatório não fazia parte do projeto original da aeronave, nem mesmo era um item aeronáutico, pois tratava-se de um tanque de combustível para “partida a frio”, utilizado no mercado automotivo para a injeção de gasolina, durante a partida de motores movidos a etanol.”

A amostra de combustível coletada nos destroços do avião foi submetida a ensaios. Os resultados indicaram que a Gasolina de Aviação (AvGas) estava de acordo com a especificação estabelecida pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e não apresentava indícios de contaminação.

No sistema de alimentação de combustível foram observados todos os bicos injetores, bem como a válvula dosadora de combustível. Eles estavam aparentemente normais, não sendo encontrado algo que pudesse obstruir a passagem de combustível para alimentar os cilindros.

“O distribuidor de combustível estava com o filtro limpo. No entanto, após a remoção do filtro, foi observada oxidação no corpo do distribuidor. Essa oxidação pode ser indício de utilização de combustível diferente da AvGas, como exemplo, o etanol.”

De acordo com o relatório final do Cenipa, a oxidação, embora não comprovada, explicaria o aumento do consumo do combustível durante o voo, diminuindo a autonomia da aeronave, que era considerada não aeronavegável por conta das alterações no projeto original, apesar de estar com o Certificado de Aeronavegabilidade (CA) válido.

Mesmo que investigadores do órgão do Comando da Aeronáutica tenham constatado a instalação do reservatório de "partida a frio", bem como as conexões instaladas na distribuidora, as modificações feitas constam como "indeterminado" nos fatores que contribuíram para a queda do monomotor. (*) Por g1 Rio Preto e Araçatuba



JOVEM PAN PENÁPOLIS

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