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Bombeiro municipal diz à polícia que colocou fogo em sede de jornal por não aceitar medidas contra a Covid-19

Polícia

Segundo a Polícia Civil, ele agiu sozinho; família de editor acordou por conta da fumaça

Homem ateou fogo na porta de jornal em Olímpia

Homem ateou fogo na porta de jornal em Olímpia. Foto: Divulgação

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O bombeiro municipal Cláudio José de Azevedo, de 55 anos, identificado como o responsável por atear fogo na porta de um jornal de Olímpia, confessou à polícia que cometeu o crime pelo fato de não aceitar as medidas adotadas por governantes para frear o avanço da Covid-19.

Além da sede do jornal, onde também funcionam o site IFolha e a Rádio Cidade FM, as chamas atingiram a porta da casa de José Antônio Arantes, que trabalha como editor e se posiciona favorável às medidas.

O caso foi registrado na madrugada de 17 de março. Uma câmera de segurança flagrou o momento em que o suspeito chegou em uma moto para cometer o crime. De acordo com o delegado Marcelo Pupo, Cláudio se apresentou à delegacia acompanhado de um advogado na quarta-feira (31).

Ele confessou ser o motociclista que aparece nas imagens da câmera de segurança e disse que agiu sozinho. Porém, foi liberado para ser investigado em liberdade. Em nota, a Prefeitura de Olímpia manifestou repúdio à conduta do servidor público que atua na unidade do Corpo de Bombeiros do Estado há mais de 20 anos.

“O município irá afastar o servidor de suas funções e instaurar um processo administrativo para apurar a ocorrência. O ato é totalmente incompatível com os princípios do cargo público que o mesmo ocupa”, informou o Executivo. Segundo o delegado, a polícia chegou ao bombeiro municipal depois de analisar diversas câmeras de segurança e descobrir que a irmã dele tinha registrado um boletim por desaparecimento em 25 de março.

“Passamos a tê-lo como maior suspeito do crime. Fomos até sua casa, na rua São João, e vimos uma câmera instalada em supermercado da cidade. Conseguimos visualizar o Claudio saindo por volta das 4h10 em sua motocicleta, com mochila nas costas. O crime ocorreu 4h17”, disse.

Com as imagens de segurança em mãos, equipes da Polícia Civil retornaram para a casa de Cláudio e entraram para fazer uma varredura, encontrando a mochila que o bombeiro usou no dia do incêndio.

“Claudio veio na delegacia acompanhado de advogados de forma espontânea, confessou a autoria do crime e disse que agiu sozinho”, disse o delegado. As investigações da Polícia Civil vão continuar com o objetivo de saber se há outros envolvidos no caso que podem ter induzido Cláudio a cometer o crime.


DEPOIMENTO

Durante depoimento ao delegado responsável pelo caso, Cláudio alegou que estava muito alterado e que não gostava das manifestações do editor do jornal. Além disso, o bombeiro relatou que pensou em tirar a própria vida ou a de um político, pois não estava aceitando as medidas dos governantes de restrição quanto à Covid-19.

“Ele falou também que não sabia que no início do imóvel, onde é a sede do jornal, habitavam pessoas. Jamais teve a intenção de provocar atentado contra a vida da família”, explicou Marcelo Pupo. Como o bombeiro municipal se apresentou de forma espontânea na delegacia e possui ficha limpa, o delegado decidiu não pedir a prisão preventiva dele.

“O ato manchou a vida dele. Ficou marcado com atentado contra a democracia, mas não estamos descartando a possibilidade no futuro. Estamos trabalhando para dar uma resposta a mais para a sociedade se tiver mais pessoas envolvidas”, disse o delegado.


SUSTO

Em entrevista ao G1, o editor do jornal relatou que vinha sofrendo diversas ameaças nas redes sociais por defender e publicar diversas reportagens a favor da imposição de medidas restritivas para combater o coronavírus. “Estavam querendo me calar. Aqui em Olímpia existe o gabinete do ódio que defende as mesmas teorias do gabinete do ódio de Brasília. Isso faz com que repensemos nossa função e a importância de um jornalista nesse momento”, disse.

Arantes ainda relatou que encontrou os pneus do carro furado e com as rodas soltas, além de o genro ter sido perseguido em uma rodovia enquanto buscava os jornais que circulariam no dia seguinte.

“Pensei que fossem atitudes de pessoas malucas, mas depois de o incêndio comecei a acreditar que era um ataque pessoal mesmo. Nunca pensei que passaria por isso”, contou. No dia o incêndio, Arantes, a mulher e a neta acordaram por conta da fumaça e dos latidos dos cachorros da família.

“Se eu demoro mais um minuto, minha neta estaria sufocada. Conseguimos apagar o fogo e chamamos a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros”, disse Arantes. (*) Com informações do G1 de São José do Rio Preto e Araçatuba



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