Briga ideológica em outdoors causa polêmica em Penápolis

Cidade

Empresa Latina, que realizou o serviço, explicou como funciona o sistema

Carlos Netto 16/09/2020

Um outdoor, contrário ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), foi rasgado e incendiado na madrugada de terça-feira (15) em Penápolis, um dia após ele ser instalado no final de uma das ruas do Residencial Flávia.

A imagem, que tinha os dizeres “sou penapolense e não fecho com Bolsonaro” foi colocada por cima de outra manifestação favorável ao presidente, que trazia a mensagem de que a cidade estava “fechada” com o ex-capitão. A propaganda, ideologicamente contrária à anterior, só foi postada no mesmo espaço após a empresa que realiza esse tipo de serviço ter encerrado o contrato, que é válido por duas semanas, com o antigo responsável.

As imagens, que viralizaram, foram divulgadas em grupos do aplicativo de mensagens Whatsapp. No vídeo, é possível ouvir uma voz de um homem dizendo que “aqui é Bolsonaro” e, logo em seguida, ofendendo os petistas, sem mencionar nomes, mas com palavras de baixo calão.


EX-PREFEITO

Conforme reportagem divulgada no site da revista Carta Capital e em vídeos postados nas redes sociais, o outdoor contra o presidente da República foi custeado pelo ex-prefeito e médico João Carlos D’Elia, de 70 anos, que administrou a cidade de 1º de fevereiro de 1983 a 31 de dezembro de 1988.

Ele e seu filho, o jornalista Felipe D’Elia, pagaram R$ 1.350 para que o cartaz, sob a responsabilidade de contrato com a empresa Latina Comunicação, fosse colocado no outdoor. O jovem compartilhou a troca em suas redes sociais e passou a receber mensagens de cunho LGBTfóbico e até ameaças de morte.

“Eu só queria mostrar que não é todo penapolense que apoia Bolsonaro e, por isso, fiz questão de assinar. Não é uma opinião da cidade, é minha. Fiquei surpreso com as ameaças recebidas, pois isso mostra quem está nesse governo, o que ele valoriza e estimula. É só violência em cima de violência”, relatou o ex-prefeito.

“Eu tenho a minha opinião e participo como eleitor apenas. Não tenho partido e nem pretendo me filiar”, esclareceu o médico, que foi chamado de “petista” pelos militantes bolsonaristas. Ainda conforme o site, pai e filho afirmaram que registrariam um boletim de ocorrência na Polícia Civil.


LATINA

Ontem (15), o sócio-proprietário da Latina Comunicação e Marketing, Lucas de Oliveira Souza, postou um vídeo no Facebook para esclarecer como funciona a tabela deste serviço. Ele informou que a empresa foi contratada no final do mês passado para divulgar uma campanha com mensagens de apoio ao presidente em outdoors instalados em diferentes pontos da cidade.

Um deles está instalado próximo da rotatória do cruzamento da avenida Dib Jorge com a rua João Fatori, no Parque Industrial. Segundo Souza, as propagandas permanecem por períodos de 14 dias e podem ser renovadas a critério do cliente.

Ele ainda explicou que a veiculação dos outdoors com mensagens de apoio a Bolsonaro teve início em 30 de agosto e terminou no último domingo (13). Na segunda-feira (14), iniciou-se outra bissemanal - número 40 – e que será encerrada no próximo dia 27.

O sócio-proprietário disse que ficou feliz pela repercussão que o outdoor estava dando em relação às manifestações, pois havia ali uma disputa e comunicação ideológica. “Até aí estava feliz, pois estava sendo um canal de comunicação, mas lamentamos o fato, pois terá prejuízos. Dentro da democracia, isso não deve ocorrer”, ressaltou.

Para o representante da Latina, é preciso respeitar as diferenças, para que todos se voltem mais para as questões que envolvem a nação. Ao comentar sobre uma possível retirada de uma mensagem para a postagem de outra, via outdoor, Souza reiterou que a empresa não fez isso.

“Nossa empresa está no mercado há 12 anos, sempre trabalhando de forma honesta. Lamentamos o ato de vandalismo”, reiterou.