Campinas inicia inventário de capivaras nos parques da cidade
Saúde
Animais são hospedeiros do carrapato transmissor da febre maculosa
Da Redação/Agência Brasil 21/06/2023A Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas começou nesta quarta-feira (21) a fazer um inventário da população de capivaras nos parques das Águas, Jambeiro, Parque Ecológico Hermógenes de Freitas Leitão Filho, em Barão Geraldo, e Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, na Rodovia Heitor Penteado. O trabalho identificará o número de grupos, fêmeas, filhotes e machos e analisará a distribuição espacial dos grupos pelos parques, onde costumam ficar e circulam.
Os dados obtidos serão usados para dar embasamento ao pedido de autorização de manejo e esterilização dos animais encaminhado à Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística. Um levantamento inicial já foi feito no Parque Portugal (Lagoa do Taquaral) e Lago do Café, ambos no bairro Taquaral, onde foram identificados dois grupos com 48 indivíduos no total.
Após a conclusão do levantamento e autorização do governo estadual, a prefeitura de Campinas abrirá licitação para contratar uma empresa e esterilizar as capivaras, incluindo machos, fêmeas e filhotes. Todos os animais serão microchipados e receberão uma marcação que indique a castração.
Segundo a Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, a medida é importante porque auxiliará na redução do risco de transmissão da febre maculosa, doença transmitida pela bactéria Rickettsia rickettsii, por meio de picada do carrapato estrela. Seus hospedeiros podem variar de região para região, podendo ser cachorros, gatos, cavalos, bois e capivaras, que são os mais comuns.
A cidade de Campinas está entre as regiões com mais casos de febre maculosa no estado de São Paulo, junto com Piracicaba. A doença passou a ser detectada na década de 1980, nas regiões de Campinas, Piracicaba e Assis, nas áreas mais periféricas da região metropolitana de São Paulo e no litoral, mas em versão mais branda.
Segundo o secretário municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Rogério Menezes, a região de Campinas é endêmica para o carrapato estrela, assim como para a capivara, que é um animal que existe em todo o Brasil, mas em maior quantidade nas regiões Centro-oeste e Sudeste.
“Campinas tem corpos hídricos em grande abundância, ainda preservados, e mais ou menos 14,4% do território é mata. Um terço do território é área de preservação permanente. Nós sempre teremos o risco de presença do carrapato estrela e a presença não só de cavalo e capivara, mas de outros intermediários. As capivaras têm facilidade de transitar, até mesmo em áreas urbanas, porque elas transitam. Basta uma galeria de água para ela chegar numa lagoa, num parque, e é difícil conter”, explicou.
O secretário enfatizou que o manejo será feito nas capivaras habitantes dos parques, por isso, não há risco de eliminar a população desses animais. Ainda não há previsão de quando a castração começará a ser feita, porque, além da finalização do inventário e da entrega dos dados para obter a autorização para as cirurgias, é preciso levar em conta o tempo de licitação e contratação das empresas que farão esse trabalho.
CASOS
O município tem cinco casos confirmados de febre maculosa relacionados ao surto na Fazenda Santa Margarida, onde ocorreu uma festa no dia 27 de maio. Quatro pessoas morreram, e uma mulher continua internada. O sexto caso é de uma mulher de 40 anos, moradora de Hortolândia, que aguarda confirmação de exames de laboratório. Ela também permanece internada.
A doença não é transmitida diretamente de pessoa para pessoa pelo contato, e os sintomas podem ser facilmente confundidos com os de outras doenças que causam febre alta. Em humanos, a enfermidade caracteriza-se por febre e manchas vermelhas no corpo. Além disso, há sinais de fraqueza, dores de cabeça, musculares e nas articulações, tudo de início súbito.
Se não for tratada, a doença pode levar à morte rapidamente. Se diagnosticada logo e tratada com antibiótico nos três dias iniciais de manifestações clínicas, tem cura. Porém, depois que a bactéria se espalha pelas células que formam os vasos sanguíneos, o caso pode se tornar irreversível. (*) Por Flávia Albuquerque – Repórter da Agência Brasil - São Paulo
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