Educandos da Vila da Infância fazem vídeos contra ‘brincadeira da rasteira’

Cidade

Várias instituições abordaram o assunto e criticaram o 'desafio' com vídeos na internet

Carlos Netto 23/02/2020

Educandos da Associação Vila da Infância (AVI) da Igreja Metodista, em Penápolis, resolveram conscientizar outras crianças e adolescentes sobre os perigos da “brincadeira da rasteira”. O desafio viralizou nas últimas semanas nas redes sociais, assustando pais e educadores e levando a classe médica alertar sobre os riscos de sequelas graves e até a morte que a brincadeira pode causar.

Nela, meninos e meninas “brincam” de derrubar uns aos outros e gravam a cena geralmente nos intervalos das aulas. Na Vila da Infância, os próprios educandos resolveram fazer uma campanha educativa. Eles simulam a brincadeira, mas desistem e dão o recado de alerta.

Conforme explicou Thais Miranda Firmino, assistente social da Vila da Infância, diante da grande repercussão, as educadoras da entidade fizeram uma abordagem sobre o assunto e explicam que isso, de fato, não é uma brincadeira, e que todos deveriam se atentar para o dano que pode causar ao colega que cair.

“Nos contatos que as educadoras tiveram com os educandos, elas explicaram que ‘amigo que é amigo’ não machuca o outro, e a brincadeira não tem outro propósito, a não ser machucar.  Reforçamos isso para as crianças, e eles resolveram fazer o vídeo alertando sobre os riscos”, explicou Thais.


SEDUC

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP), em nota ao INTERIOR, informa que essas questões são trabalhadas dentro da rede por meio do Conviva-SP, programa para melhoria do clima e convivência no ambiente escolar, para que seja colaborativo, solidário e acolhedor. São ações, formações e acompanhamento para garantir o pleno desenvolvimento e atendimento do estudante em relação às necessidades que ele apresenta.


MUNICÍPIO

A Secretaria Municipal de Educação, também em nota, informou que orientou a direção de todas as unidades escolares sobre o assunto, e que os professores já abordam o tema em sala de aula, orientando os alunos sobre os riscos. Também informou que não houve nenhum registro de casos dessa natureza nas unidades de educação do município de Penápolis.


DEMOLAY

O Capítulo DeMolay ‘Guardiões das Virtudes’, patrocinado pela Loja Maçônica Acácia Penapolense, e DeMoley Estrela Noroeste do Brasil também estão contra a brincadeira. Com a viralização dos vídeos, os grupos têm discutido sobre o assunto com seus integrantes, que atuam como multiplicadores, através das redes sociais e outros de meios, divulgando mensagens contrárias à essa prática.


PM

Em várias regiões do estado, policiais militares responsáveis pela Ronda Escolar têm orientado alunos das rede municipal e estadual de ensino sobre a brincadeira do momento entre os jovens, a 'brincadeira da rasteira'. Durante as conversas com as crianças os policiais alertam sobre os riscos desse tipo de brincadeira, e lembram que já existem casos de morte sendo anunciados em toda a mídia.

Também lembram as crianças para quando presenciarem este tipo de brincadeira que, de mediato, comuniquem os professores ou um adulto que estiver próximo. O tema da companha realizada pela Polícia Militar em todo estado tem como tema “Amigo é quem te carrega...não quem te derruba”.

Para a maioria das escolas e outras instituições ligadas à Educação, é importante que as crianças recebam orientações à respeito, e saibam quais riscos e consequências dessas brincadeiras. Avaliam que é importante buscar o diálogo com os alunos, ensinando e conscientizando sobre cidadania e respeito ao próximo. Destacam que, tanto os alunos, assim como os pais, e as escolas, tenham consciência, e saibam lidar com esses tipos de brincadeiras.


DESAFIO

O desafio conquistou espaço nas redes quando o influencer Robson Calabianqui, que tem mais de 2 milhões de seguidores em seu canal de YouTube, reproduziu a pegadinha no início de fevereiro em seus perfis. No vídeo, que inclusive já foi tirado do ar, ele e o irmão aplicam o golpe na própria mãe.

Assim como esse, já houve casos de filhos fazendo essa brincadeira com os pais, e até de pais fazendo com seus próprios filhos (sem ou com a presença de colchões, o que também não diminui os riscos). Ainda assim, a maioria dos vídeos é feita na escola, entre colegas. Levando isso em consideração, o recomendável é que os pais orientem os adolescentes a não participarem desse desafio.