Em coletiva, governador João Doria prorroga quarentena até dia 22
Cidade
Apenas os serviços considerados essenciais permanecem abertos; medida vale para todas as cidades
Ivan Ambrósio 07/04/2020O comércio permanecerá fechado por mais 15 dias. A determinação ocorreu na tarde de ontem (6), após o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) prorrogar a quarentena em todos os 645 municípios do Estado até o próximo dia 22 deste mês.
As normas seguirão como a anterior, com o fechamento das lojas e mantendo apenas os serviços essenciais, como nas áreas de Saúde e Segurança. Devem seguir funcionando durante a quarentena hospitais, clínicas, farmácias e clínicas odontológicas; transporte público, transportadoras e armazéns; empresas de telemarketing; petshops; deliverys; supermercados, mercados e padarias; limpeza pública e postos de combustível.
Permanecem fechados casas noturnas, shopping centers e galerias, academias e centros de ginástica; espaços para festas, casamentos, shows e eventos; escolas públicas ou privadas. Bares, cafés e restaurantes podem manter o funcionamento em sistema de delivery ou drive thru. Bancos e lotéricas também continuam abertos. As indústrias devem continuam operando, já que não têm atendimento ao público em geral.
PROBLEMAS
O decreto foi publicado hoje (7), no DOE (Diário Oficial do Estado). A medida, no entanto, deve trazer sérios problemas econômicos, na avaliação de representantes do comércio local. O presidente da ACE (Associação Comercial e Empresarial) de Penápolis, Francis Arisa, comentou que a prorrogação da quarentena poderá acarretar efeitos irreparáveis.
“A medida adotada, pensando na saúde das pessoas, está totalmente correta. Porém, analisando o comércio local, teremos o fechamento de lojas e o desemprego”, comentou. Ele acrescentou que a situação não atingirá apenas Penápolis, mas sim outros municípios brasileiros.
“Acredito que teremos novidades ainda essa semana quanto a prorrogação da quarentena. Creio que deva vir uma nova determinação, desta vez pelo governo federal”, ressaltou. O prefeito Célio de Oliveira (sem partido), disse durante o boletim coronavírus, exibido no início da tarde de ontem pela Prefeitura, que o Executivo irá obedecer a ordem estadual. “Não temos o poder e prerrogativa de alterar essa determinação”, garantiu.
O presidente do Sincomércio (Sindicato do Comércio Varejista), Júlio Galinari, enfatizou que, se não houver uma ajuda maior por parte do governo, principalmente em relação ao capital de giro, muitas empresas conseguirão reabrir quando a quarentena acabar. “Espero que as autoridades estejam certas e que não esqueçam de socorrer os comerciantes que precisarão de auxílio para sair da crise financeira depois que passarmos por essa pandemia”, revelou.
DECISÃO
A decisão foi tomada após reunião com 15 médicos do Centro de Contingência do coronavírus, que apontaram que o contágio já chegou a 100 cidades paulistas e mais de 400 hospitais públicos e privados. Projeções apontam que prolongar o distanciamento social pode evitar mais de 160 mil mortes em todo o Estado.
Doria afirmou que os prefeitos têm por obrigação de seguir a orientação. “Isto é constitucional, não é uma deliberação que pode ou não ser seguida”, destacou o tucano, acrescentando ainda que ele poderão usar o “poder de polícia em caso de desobediência”.
“Nenhuma aglomeração de nenhuma espécie em nenhuma cidade de São Paulo será admitida. As Guardas Municipais ou Metropolitanas deverão agir e, se necessário, recorrer à PM para que imediatamente possa haver a dissipação de qualquer movimento ou aglomeração de pessoas. Esta é uma deliberação que deverá ser rigorosamente seguida pela população do Estado na defesa de suas vidas e de seus familiares”, ressaltou.
A decisão de prorrogar a quarentena segue orientação da OMS (Organização Mundial da Saúde), da Opas (Organização Pan-americana de Saúde), do Ministério da Saúde e do Centro de Contingência do coronavírus de São Paulo, formado por epidemiologistas, cientistas, pesquisadores, infectologistas e virologistas sob a coordenação do médico David Uip. Os casos de coronavírus chegaram a 4.620. Ao todo, mais de 400 hospitais, entre públicos e privados, notificaram casos suspeitos.
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