JOVEM PAN PENÁPOLIS

Em coletiva, prefeito comenta operação e condena ‘execração pública’

Polícia

Ele concedeu entrevista coletiva na Prefeitura e disse que está à disposição das autoridades

Oliveira classificou como “execração pública” de membros em função dos trabalhos feitos na Prefeitura

Oliveira classificou como “execração pública” de membros em função dos trabalhos feitos na Prefeitura. Foto: Ivan Ambrósio

FERREIRA ENGENHARIA RODAPÉ 1 HORIZONTAL MEIO DA NOTÍCIA

Em entrevista coletiva na manhã de ontem (1º), o prefeito de Penápolis, Célio de Oliveira (sem partido), esclareceu alguns pontos referente a Operação Raio X, desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público, e da Polícia Civil, que resultou na prisão temporária de diversas pessoas, entre elas dois médicos e o secretário municipal de Saúde, Wilson Carlos Braz.

Durante sua manifestação, o chefe do Executivo condenou o que, na visão dele, é “execração pública” de membros da administração municipal em função dos trabalhos que foram feitos na Prefeitura, na manhã de terça-feira (29). No local, policiais civis fizeram buscas na secretaria municipal de Saúde, recolhendo documentos e computadores.

Além do Paço, as equipes cumpriram mandados na Câmara, Santa Casa e na residência de Braz e de um vereador. Oliveira frisou que a Prefeitura está à disposição para prestar esclarecimentos e que os trabalhos que foram feitos fazem parte de uma investigação.

“Infelizmente, nos últimos dias, vem ocorrêndo essa 'execração', ou seja, uma condenação sem ouvir as pessoas”, desabafou. Ele ainda explicou, durante a coletiva, que o processo para a seleção da prestadora de serviço iniciou-se em agosto de 2017, tendo o contrato efetivado em janeiro de 2018. “Isso ocorreu justamente para começarmos o ano com o equilíbrio no gasto com pessoal”, destacou.


REPASSE

Segundo Oliveira, a contratação da OS (Organização Social) da Santa Casa de Misericórdia de Birigui à época teve como objetivo de melhorar o atendimento à população, bem como reduzir a folha de pagamento, que estava acima dos 54% permitidos pela LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).

“Isso trouxe economia aos cofres públicos. Antes gastávamos mais de R$ 1 milhão por mês para manter o atendimento do pronto-socorro e, com o contrato, repassávamos R$ 800 mil”, lembrou. Um dos pontos que, na visão do prefeito, contribuiu para a redução de despesas foi a mudança na forma de contratação dos médicos.

“A terceirização foi algo novo para o município que, inclusive, trouxe melhorias, já que a entidade chegou atender 11 mil pessoas mensais durante o período do contrato”, frisou. O chefe do Executivo lembrou que, decisão recente do TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo), julgou regular todo o processo de licitação, escolha e contratação da OS.

Ainda na coletiva, Oliveira observou que, durante todo o tempo em que a entidade prestou os serviços no PS, havia uma comissão, formada por funcionários de carreira, que realizava, constantemente, vários apontamentos e que a organização não se opôs ao fim do contrato.

“Ela recebia os repasses com atraso, em virtude das dificuldades financeiras do município. Houve um período que chegou a até dois meses, quando eles nos informaram que não tinham mais o interesse em gerir o pronto-socorro”, comentou. Atualmente, o repasse do município é feito à Santa Casa local, que é a responsável pela contratação da OS que administra o pronto-socorro, sendo a AHBB (Associação Hospitalar Beneficente do Brasil), que também é responsável pelo hospital.


TRIBUNAL

Questionado sobre quais medidas adotaria com relação ao ex-secretário municipal de Saúde, o prefeito ponderou que é preciso dar espaço para que ele se defenda e apresente suas alegações. “Até que se prove ao contrário, ele é inocente e uma pessoa íntegra, no qual temos total confiança”, garantiu.

Sobre ter seu nome incluído na investigação, que será feita pelo TJ, em razão de ter foro privilegiado, Oliveira disse que estava tranquilo e que desconhecia o teor da denúncia. “Quem me conhece em Penápolis sabe que minha única renda é o subsídio que recebo. Minhas contas bancárias estão à disposição dos órgãos”, argumentou.

Ele ainda acrescentou que ouviu falar que a base da investigação são anotações de iniciais encontradas em um caderno e o depoimento de algum investigado. Além dele, serão apurados o deputado estadual Roque Barbiere, o Roquinho, e o prefeito de Birigui, Cristiano Salmeirão, ambos do PTB. “O município tem todo o interesse que a situação seja esclarecida e, mais uma vez, reforço que a OS investigada não tem nada mais a ver com Penápolis”, finalizou.


BALANÇO

Ontem (1º), a Polícia Civil divulgou um novo balanço da operação, que já chegou a 51 prisões, sendo 45 temporárias de um total de 64 mandados expedidos pela Justiça. As outras seis foram em flagrante. Durante os cumprimento dos 237 mandados de busca foram apreendidas três aeronaves, 47 veículos, 15 armas de fogo, 56 joias e R$ 1,8 milhão em dinheiro.

Além de Penápolis, Birigui e Araçatuba, outros locais foram alvos dos trabalhos, sendo Osasco, Carapicuíba, Ribeirão Pires, Lençóis Paulista, Agudos, Barueri, Guapiara, Vargem Grande Paulista, Santos, Sorocaba, bem como em cidades do Pará, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. O objetivo é desmantelar o grupo criminoso especializado em desviar dinheiro destinado à saúde, mediante celebração de contratos de gestão em diversos municípios, por meio de OSs.

A investigação tem inquéritos policiais instaurados em Penápolis e Birigui e iniciou-se há dois anos, indicando a existência de um sofisticado esquema de corrupção envolvendo agentes públicos, empresários e profissionais liberais para desviar de milhões de reais.

No transcorrer da investigação, foram identificadas dezenas de envolvidos com o grupo criminoso divididos em diversos núcleos, cada um com sua colaboração na prática das infrações penais. De acordo com o apurado, houve a aquisição de grande quantidade de bens móveis e imóveis, sendo que parte da evolução patrimonial do grupo se deu justamente no período da pandemia.

O suposto chefe foi preso em um hotel em Pardinho (a 269 km), município na região de Bauru. Ele, que é médico e tem 46 anos, reside em Birigui e já foi diretor do DRS-2 (Departamento Regional de Saúde) de Araçatuba. O profissional estava acompanhado de um supervisor de segurança, de 58 anos, que seria funcionário. Ele também foi preso.



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