Família de trigêmeos que perderam mãe, avó e tia para a Covid-19 recebe ajuda
Saúde
Ana Paula, Karina e Valentina, de Parisi (SP), morreram com diferença de 8 dias
Da Redação/Agência Brasil 06/04/2021Responsável por acolher os trigêmeos que perderam o pai em um acidente de trânsito e viram a mãe, a avó e a tia morrerem por complicações da Covid-19, o vendedor Douglas Junior Faria Amaral, de 26 anos, começou a receber ajuda e doações de pessoas sensibilizadas com a história dos sobrinhos.
“Recebemos muitas doações de alimentos. Ganhamos tijolos, azulejos, pia e materiais para usarmos na construção do quarto e do banheiro dos meninos. Pedreiros e eletricistas se ofereceram para trabalhar de graça, um arquiteto também vai fazer o projeto sem cobrar nada. Além disso, um site está fazendo uma vaquinha online”, disse o vendedor, que também é pai de uma menina de um ano e sete meses.
Morador de Votuporanga, cidade do interior de São Paulo, Douglas relata gratidão, surpresa e felicidade com toda a ajuda que a família está recebendo de amigos e desconhecidos. “Recebi até uma ligação de um morador dos Estados Unidos. Ele viu a reportagem no G1, entrou em contato conosco e nos enviou uma ajuda. Olha onde a história chegou, é uma coisa surreal. Ficamos muito felizes em sentir todo esse amor. O ser humano é muito bom. Precisamos acreditar nisso”, contou Douglas, que sonha em conseguir uma bolsa de estudos para os trigêmeos e afilhados.
Depois de acolherem os trigêmeos Pedro, Paulo e Felipe, que ficaram órfãos aos 5 anos, Douglas e a esposa, Luana Amaral, tentam conseguir a guarda dos meninos na Justiça. “Conversamos com um advogado. O pedido de guarda provisória deve estar para sair, mas a permanente demora um pouco”, destacou.
OITO DIAS DE DIFERENÇA
Ainda tentando lidar com a dor de perder três integrantes da família para a Covid-19 em oito dias de diferença, Douglas relata que a irmã, Karina Angélica Faria, de 33 anos, morreu em 13 de março. Três dias depois, a outra irmã e mãe dos trigêmeos, Ana Paula Faria, de 37 anos, também não resistiu. A última da família a vir a óbito foi a mãe de Douglas, Valentina Peres Machado, de 66 anos, em 21 de março. Ana Paula, Karina e Valentina moravam e foram sepultadas em Parisi, cidade onde o pai dos trigêmeos, Renato Santos, sofreu o acidente cinco meses atrás.
HOSPITALIZAÇÃO
A primeira da família que precisou ser internada foi Valentina. Até então, Ana Paula e Karina permaneciam na casa onde moravam, sem apresentar sintomas graves da doença. Porém, Douglas diz que as duas irmãs pioraram e também precisaram procurar ajuda no posto de saúde de Parisi, cidade que conta com apoio de hospitais da região para atender pacientes com quadros avançados da doença.
Enquanto aguardava por um leito, Karina piorou repentinamente, sendo necessário que os profissionais de saúde acionassem uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) móvel para atendê-la às pressas. No mesmo dia em que enterraram Karina, Ana Paula foi transferida para a Santa Casa de Votuporanga, município a cerca de 16 quilômetros de distância de Parisi.
O vendedor relata que a irmã foi intubada, mas não reagia aos medicamentos e, em seguida, sofreu uma parada cardíaca. Diferentemente das filhas, Valentina estava internada no Hospital de Base de São José do Rio Preto, unidade referência para mais de 100 cidades da região noroeste paulista.
A idosa também precisou ser intubada e chegou a apresentar uma leve melhora. O filho relembra que os médicos começaram a diminuir os sedativos, mas a mãe não reagia. (*) Com informações do G1 de São José do Rio Preto e Araçatuba
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