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“Foi uma situação vexatória”, diz advogada que rasgou a roupa para entrar no CR

Justiça

Defensora foi visitar cliente e detector de metal acionou sinal sonoro

Advogada teria ido pela 1ª vez ao CR; no detalhe os objetos metálicos que estavam no vestido e sutiã

Advogada teria ido pela 1ª vez ao CR; no detalhe os objetos metálicos que estavam no vestido e sutiã. Foto: Ivan Ambrósio

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“O sentimento que tive com essa situação foi de desrespeito como mulher e advogada”. Foram com estas palavras que a defensora Ana Cristina Tosta Barreto, de 41 anos, classificou o episódio em que precisou rasgar a roupa que usava para poder ter acesso ao CR (Centro de Ressocialização) em Araçatuba. O caso ocorreu na tarde de terça-feira (23).

Ela, que registrou um boletim de ocorrência, falou com o INTERIOR na noite de anteontem (25) e disse que irá tomar as medidas cabíveis contra o diretor da unidade, além da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) estar acompanhando o caso. Segundo ela, a situação foi vexatória e não precisava chegar a esse ponto.

“Por três vezes tentei falar com o diretor para se chegar a um consenso, pois eu precisava conversar com meu cliente e, em todas elas, foi irredutível”, disse. A advogada relatou que foi a primeira vez em que esteve no CR de Araçatuba. “Já fui em outras unidades prisionais, como em Lins e Birigui e nunca passei por esse problema”, acrescentou.

Ana contou que, no dia, usava um vestido preto e, assim que chegou ao centro, foi orientada a deixar seus pertences dentro do carro. “Isso é um procedimento padrão. Apenas entrei lá com uma agenda e minha carteira da ordem. Assim que passei pelo detector, o alarme apitou, quando duas agentes me disseram que poderia ser algo relacionado aos sapatos e a região do tórax”, lembrou.

Ela informou as funcionárias que podiam fazer a revista e que abria mão desse direito, garantido com base na lei 8.906/94, artigo 7º, entretanto, as agentes disseram que não podiam fazer isso. “Pedi para falar com o diretor diante disso. Ele, que estava acompanhado de um agente, pediu para que fosse até uma sala, onde conversamos, mas sem acordo e ainda me sugeriu que voltasse outro dia com uma roupa adequada”, ressaltou.

OAB

Após a fala, a defensora saiu do CR e foi até o carro buscar o celular, onde entrou em contato com a subseção da OAB de Araçatuba. Dois representantes – um advogado e uma advogada - estiveram no local para tentar um acordo mas, segundo ela, não houve argumentação.

Num ato de desespero, a advogada rasgou parte do vestido que usava para usar os apetrechos metálicos, além de solicitar uma faca e um alicate para tirar as hastes metálicas do sutiã. “A visita ao cliente é feita até às 19h. Como faltavam cinco minutos, tomei essa atitude. Fui ao banheiro e, com a ajuda de outra advogada, tirei o que estava apitando. Após isso, passei pelo detector e ele não acusou nada”, completou.

Após conversar com o cliente, a Ana foi até o plantão policial de Araçatuba e registrou um boletim de ocorrência. “Cheguei ao CR às 15h30 e consegui retornar para Penápolis após às 23h. Infelizmente, não houve boa vontade do diretor da unidade e, por isso, fui obrigada a tomar essa atitude”, garantiu.

Sobre o episódio, a advogada espera que haja mudanças na forma de tratamento e que outras companheiras de profissão não tenham que passar pelo mesmo problema. “Ouvi relatos de outras profissionais que tiveram situações semelhantes a minha. Jamais fui hostil com o diretor e desejo que a OAB comece o processo de desagravo neste sentido”, finalizou.



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