Frei Adalto agradece Penápolis e diz levar muitos amigos no coração
Cidade
Além de um excelente pregador da Palavra, frei Adalto também revelou-se um grande administrador
Gilson Ramos 12/01/2020Despedindo-se de Penápolis após 9 anos de trabalho pastoral à frente da Paróquia do Santuário São Francisco de Assis, frei Adalto Antônio já fixou morada em Piracicaba (SP), na Fraternidade Convento Sagrado Coração de Jesus. Ele será Guardião, ecônomo e Pároco. A ida para a nova morada se deu na última sexta-feira (10).
A transferência também valeu para a cachorrinha Cherry, grande xodó do religioso e que também foi a alegria da casa paroquial. A sua passagem pela Paróquia foi marcada pelo seu jeito responsável em lidar com as coisas da Igreja. Além de um excelente pregador da Palavra, também revelou-se um grande administrador. Em sua gestão foi feito, entre outros, a grande reforma do Santuário.
O religioso veio para a cidade para um período inicial de três meses, mas acabou recebendo o convite para ser o Pároco do Santuário, que é o berço da evangelização regional.
Em entrevista ao INTERIOR antes da transferência, frei Adalto fez agradecimentos à comunidade e cidade que o acolheram com muito carinho. Por isso, leva na sua bagagem muitos momentos bons, muitos amigos.
“Acho que Deus, nesses anos, foi muito amoroso, muito misericordioso aqui comigo, muito cheio de paciência. Então eu só tenho que agradecer a Ele. E através dele a tantas e tantas pessoas, membros da nossa Fraternidade, vários frades que passaram aqui e que também deram a sua colaboração, cada um de seu jeito nesse tempo”.
Após o Capítulo tri-anual Provincial, que aconteceu em outubro do ano passado, o conselho dos capuchinhos de São Paulo fez inúmeras reuniões e conversas com os frades, em vista das transferências que fazem parte da vida franciscana, sempre em busca do "não lugar".
De acordo com frei Adalto, quando do contato pós eleição com o novo Ministro Provincial, frei Arcanjo, na conversa foi direto, não fazendo nenhuma proposta. “Perguntei: o que vocês tem a propor? Então foi proposto Piracicaba, Convento Sagrado Coração de Jesus. Eu até já esperava por isso, porque frei Arcanjo, quando deixou Penápolis, disse que eu deveria ter assumido o Convento dos Frades. Fiquei meio que preparado para isso. O Conselho acha que lá tem desafios que precisam ser encarados, e neste momento sugeriram o meu nome. Aceitei de pronto para colaborar com a Província e com a confiança e pedido de meus irmãos”.
DESAFIOS
Sobre os novos desafios que terá na nova missão em Piracicaba, frei Adalto diz que o primeiro é com relação ao Convento, que precisa de uma reestruturação, visto que lá será casa de formação 2021.
“Esse é o primeiro projeto que precisa ser realizado ainda neste ano. Toda reforma do Convento, adaptação para acolher aos formandos. Depois, o maior desafio, é a Igreja. Nossa igreja é antiga. Trata-se do berço de toda Província, ponto muito forte para a vida da Província e dos Frades. Preciso ter um cuidado com a Igreja e com as pessoas, buscar trazer de volta os fiéis. O desafio maior, que eu diria, é esse: recuperar a participação do povo para depois implementar um projeto de reformas da nossa casa”.
AVANÇOS
Frei Adalto, quando chegou no Santuário, em termos financeiros, encontrou a Paróquia com algumas dívidas. “Haviam sido feitos vários empreendimentos naquele último ano, entre eles a construção da igreja Santa Rita de Cássia, troca de som, depois o início da construção do novo barracão e cozinha de eventos. Por isso acumulou muita coisa no último ano, e as contas ficaram. Mas foi possível pagá-las”.
Outro desafio, conforme ele, foi reestruturar a parte que se teve, por uma série de coisas, de muita gente se afastar da Igreja, do Santuário. “Foi o reconquistar a confiança das pessoas. Primeiro ano foi muito importante. A presença do frei Alonso foi muito importante, ele é bastante querido na cidade, e nós tivemos um bom respaldo e rapidamente as coisas começaram a caminhar”.
RESTAURO
Um dos marcos da gestão de frei Adalto foi o amplo projeto de reformas do Santuário, templo religioso que é símbolo religioso-artístico-cultural de Penápolis. Foram necessárias várias campanhas e eventos para levantar os recursos necessários para tantas obras, desde a troca do piso até a pintura, passando pela troca de toda a fiação e sistema de som.
“Quando eu estava para assumir a Paróquia, o novo Provincial da época, frei Airton, disse que eu não teria muito para fazer, era só passar uma tinta na parede, e que isso seria fácil, porque a comunidade colabora” - recorda.
Assim que assumiu, um grupo de pessoas o procurou para conversar sobre o problema nas fundações do Santuário, o que estava provocando rachaduras nas paredes e teto. A situação estava ficando crítica.
“Felizmente uma empresa da cidade assumiu a obra e possibilitou tirar um grande peso das costas. Depois, quando começamos a conversar com algumas pessoas, tivemos o projeto de reformas. Recebemos muita colaboração do engenheiro Newton Geraissate que ajudou bastante com sua equipe a pensar o projeto, parte elétrica com o engenheiro Alex Ferreira Mendes foi muito bem feita, tudo bem planejado. Foi possível pensar um projeto e começar a sonhar. A partir daí as pessoas foram se engajando nos diversos eventos”.
Mas antes, frei Adalto teve que concluir o barracão de eventos para a Paróquia ter um espaço adequado e não ficar dependente de outras situações para poder fazer as suas festas.
EVANGELIZAÇÃO
Perguntado se existiu algo que não conseguiu realizar no tempo de pároco, frei Adalto disse que o grande desafio é ainda a questão de fazer as pessoas saírem de dentro da Igreja. É a dimensão missionária.
“Acho que a gente caminhou um pouco, mas ainda as pessoas não descobriram aquilo que o Papa Francisco insiste muito: para a gente ser uma Igreja em saída. Esse é um ponto primordial, a ação evangelizadora”.
Frei Adalto foi agraciado com o título de Cidadão Penapolense. O que deixa na cidade com sua passagem? Ele disse que deixa muitas pessoas que aprendeu a amar. “Isso mais do que tudo, mais importante do que todas as coisas, foi o carinho das pessoas que me receberam, acolheram, a credibilidade e confiança que sempre tiveram para comigo e isso é muito precioso”.
Já o que leva, o frei diz que sem dúvida, foi esse tempo bom da sua vida nesta cidade. “Para mim foram 9 anos, que eu digo, foram muito bons, em todos os sentidos. Para mim isso é o mais importante. As outras coisas passam, mas aquilo que é feito com amor, o carinho, a ternura das pessoas isso permanece para sempre”.
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