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Justiça arrecada R$ 13,4 milhões em leilão de bens bloqueados na Operação Raio-X

Justiça

Lote inclui fazenda em Aparecida do Taboado, gado, veículos - alguns de luxo -, relógios e joias

Land Rover/Evoque está entre os veículos que foram arrematados

Land Rover/Evoque está entre os veículos que foram arrematados. Foto: Divulgação

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A Justiça de Birigui (SP) arrecadou R$ 13,4 milhões no leilão de bens que foram bloqueados pela Operação Raio-X, deflagrada em setembro de 2020 pela Polícia Civil de Araçatuba, contra suposta quadrilha especializada no desvio de dinheiro público da área da Saúde.

No lote que foi leiloado está uma fazenda com mais de 230 hectares, localizada em Aparecida do Taboado (MS), que a investigação apontou ser médico anestesista Cleudson Garcia Montali.

Apontado como líder do suposto esquema criminoso, ele já foi condenado pela Justiça em processo que tramitou em Birigui e no processo de Penápolis. Somadas, as penas ultrapassam 200 anos de prisão.

Além da fazenda, foram arrematados oito automóveis; uma moto de luxo; uma motoneta; 415 animais bovinos; nove relógios de pulso e várias joias.

O leilão aconteceu na quarta-feira e o lance mínimo para o lote era de R$ 8.033.848,49, ocorrendo um ágio de 66,8%. O dinheiro arrecadado deve permanecer depositado em uma conta judicial, aguardando o trânsito em julgado do processo que tramita na Justiça de Birigui.


NEGOU

Em depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Quarteirização, na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), Cleudson negou ser dono da fazenda, mas admitiu a propriedade do gado que havia nela.

Ele alegou que arrendava a propriedade sem custo algum, disse que matinha um funcionário na fazenda para cuidar do gado e da terra e que futuramente daria parte do lucro obtido com os animais à proprietária do imóvel.

Porém, a investigação obteve imagens de câmeras de monitoramento referentes à negociação da propriedade e o corretor que intermediou a compra com o antigo proprietário declarou ter negociado diretamente com o médico, que pagou em mãos o valor referente à corretagem pela venda.


LARANJA

A fazenda está registrada em nome de Adriana Michels Ferreira, responsável pela empresa Adriana Michels Consultoria em Gestão Empresarial. Ela também foi presa durante a Operação Raio X.

Para a polícia, a propriedade foi adquirida por Cleudson com dinheiro dos contratos fraudulentos ou superfaturados e Adriana foi utilizada como “laranja” para tentar ocultar os valores obtidos ilicitamente pela organização.


TRANSFERÊNCIAS

A empresa de Adriana, que seria dona da fazenda, foi criada em 19 de agosto de 2019. Entre o começo de outubro daquele ano e o início de janeiro de 2020, ela recebeu R$ 8,344 milhões, transferidos pela OSS Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Pacaembu.

Os repasses foram apontados pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e, desse total, pouco mais de R$ 7 milhões foram repassados pela matriz da OSS e o restante pela unidade de Belém (PA).

Ainda de acordo com a investigação, R$ 4 milhões foram transferidos pela empresa ao antigo proprietário da fazenda e outros R$ 2 milhões foram repassados a uma empresa pertencente a Nicolas André Tsontakis Morais, também preso, apontado como responsável pelos contratos da OSS no Pará.

Documentos apreendidos pela polícia durante a investigação apontam que Régis Soares Pauletti era o responsável por pagar as despesas da fazenda, inclusive a escritura. Ele também foi preso, acusado de ser o operador financeiro das OSSs investigadas.


NEGOCIAÇÃO

A compra da fazenda teria sido acertada em um shopping em Fernandópolis, em 30 de outubro de 2019. Na ocasião os corretores se encontraram com Cleudson e apresentaram a documentação referente ao negócio.

O médico estaria acompanhado de Osvaldo Ramiro Alexandre e Sérgio Kiyoshi Takahashi Harada, também presos na operação. No dia seguinte, Cleudson, Márcio Tizura, Osvaldo Ramiro e Sérgio Kyioshi se encontram em Taquaritinga e pagaram a primeira parcela ao vendedor, no valor de R$ 1 milhão.

Para a polícia, o dinheiro usado seria principalmente dos contratos fechados pelas OSSs (Organizações Sociais de Saúde) no Estado do Pará. Segundo a investigação, esses contratos somariam R$ 30 milhões mensais. (*) Por Lázaro Jr. - Hojemais Araçatuba



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