Laudo confirma morte de mulher por doença da vaca louca em Penápolis
Cidade
Secretaria de Estado da Saúde informa que caso não foi confirmado para a doença de DCJ Adquirida
Da Redação 29/05/2023(*) Matéria atualizada às 17h para acréscimo de informações
Reportagem veiculada este final de semana pelo SBT Interior informou que laudo divulgado na última terça-feira (25) teria apontado à causa da morte da dona de casa Maria Célia Tognon, de 56 anos, em razão de “encefalopatia espongiforme por príon, ou DCJ (Doença de Creutzfeldt-Jakob)”.
O nome se refere a uma das doenças que fazem parte de um grupo conhecido popularmente como “mal da vaca louca”. A informação foi confirmada para a emissora de Araçatuba pelo neurocirurgião Marcus Vinícius Semedo, um dos médicos que atendeu a mulher.
Pelo menos outros dois profissionais que examinaram a paciente também chegaram ao mesmo diagnóstico. No entanto, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo não confirma. Em nota, a pasta explica que “o caso não foi comprovado para o DCJ Adquirido, que é transmitido pelo consumo de carne contaminada e conhecida como vaca louca”.
“A paciente foi diagnosticada com a DCJ Esporádica, que é a forma mais comum da doença, mas sem qualquer relação com o consumo de carne bovina”, destacou. Maria Célia estava internada na Santa Casa de Penápolis quando morreu em 23 de março deste ano. Na época, o corpo foi encaminhado para São José do Rio Preto, onde foram retiradas amostras do tecido cerebral que foram encaminhadas para o Instituto Estadual do Cérebro, com sede no Rio de Janeiro (RJ).
Ela faleceu sete meses após os primeiros sintomas. Segundo familiares, uma dor de cabeça insistente, tonturas e mal-estar foram percebidos pela dona de casa em agosto do ano passado. Em menos de um mês, passou a sentir dificuldades para falar, engolir e respirar e, em seguida, vieram às convulsões violentas, necessitando ser internada no hospital.
CAUSA
A doença é causada pela proteína priônica, um agente infeccioso menor do que um vírus, formado apenas por proteínas altamente estáveis e resistentes. No caso de Maria Célia, o exame indicou se tratar da forma esporádica da doença, que tem incidência mundial entre um e dois casos para cada um milhão de habitantes, não tendo a fonte de contaminação conhecida.
O exame não descartou completamente a possibilidade de se tratar de um caso de variante, que é ligado diretamente ao consumo de carne bovina. Segundo o laudo, “não há critérios diagnósticos definitivos histológicos nem imuno-histoquímicos para a nova variante”.
Apesar do resultado, a família pretende acionar na Justiça o Ministério da Agricultura e órgãos responsáveis pelo rastreamento de doenças transmitidas pelo consumo de animais. Em entrevista ao SBT Interior, o filho da dona de casa, Danilo Marques, de 29 anos, disse que a morte da mãe não pode ter sido em vão.
“Os responsáveis precisam rastrear esses casos e evitar que outras pessoas se contaminem. Eu não desejo para ninguém passar pelo que passamos. É um sofrimento muito grande”, afirmou. Maria Célia deixou ainda uma filha de 34 anos.
VIGILÂNCIA
Em nota, a Prefeitura informou que o caso estava sob responsabilidade da Secretaria Estadual de Saúde. A reportagem entrou em contato com o Ministério da Saúde para comentar o assunto, mas não houve retorno. Desde 2005, a DCJ integra a lista das doenças de notificação compulsória, ou seja, as autoridades de Saúde são obrigadas a informar o Ministério da Saúde sobre novos casos.
A vigilância tem como objetivo conhecer o perfil epidemiológico da doença, com foco na identificação de possíveis casos variantes (ligados à carne contaminada), definir medidas de prevenção e biossegurança e orientar condutas clínicas e laboratoriais. Segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde, entre 2005 e 2014, 55 casos foram registrados no Brasil, porém, nenhuma variante foi confirmada. (*) Com informações do SBT Interior
Comentários
Atenção: Os comentários feitos pelos leitores não representam a opinião do jornal ou do autor do artigo.