Lobo-guará resgatado em fazenda é treinado para procurar alimento
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Filhote resgatado de uma fazenda ganhou um enriquecimento ambiental do tipo cognitivo-alimentar
Ivan Ambrósio 05/01/2023O filhote de lobo-guará, resgatado por policiais militares ambientais em 12 de junho do ano passado em uma fazenda no Distrito de São Martinho d’Oeste, que pertence a Alto Alegre, ganhou um enriquecimento ambiental do tipo cognitivo-alimentar, que tem por objetivo de estimular o animal mental e intelectualmente.
Nessa atividade, a equipe do Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), da Associação Mata Ciliar, em Araçatuba, abriu um único buraco em um melão e retirou parte da polpa, que foi ofertada para outros animais, inserindo pequenos pedaços de outras frutas e legumes que compõem a dieta comumente oferecida ao lobo.
Após isso, usaram o tampo para fechar o melão novamente e o entregaram ao guará, que passou a tarde toda tirando os alimentos de dentro da fruta e, por fim, comeu cada um deles igualmente. Muitos dos animais atendidos em Araçatuba são vítimas de acidentes causados pela monocultura de cana-de-açúcar.
CASO
Na época, o animal, ameaçado de extinção e com aproximadamente 30 dias de vida, foi localizado na fazenda. Funcionários da propriedade faziam a colheita de cana-de-açúcar, quando se depararam com o filhote.
Eles acionaram a equipe, composta pelos cabos Scardoveli, Faleiros e Stanley, que foram até a fazenda e constataram que era o animal, que não estava ferido. O lobo-guará foi levado até o hospital veterinário da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araçatuba e, na sequência, encaminhado para o Cras.
O animal é um mamífero de hábito solitário, que vive no cerrado brasileiro. Considerado a maior espécie de canídeo das Américas, o lobo-guará não tem nada de mau e nem é agressivo. É apenas curioso e pode se aproximar das povoações, assustando algumas pessoas.
Ele ainda vive em regiões abertas, como campos, matas de capoeira e em algumas regiões de transição para a Caatinga e Mata Atlântica, sendo encontrado, principalmente, nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.
O lobo-guará é considerado um animal que vive em situação vulnerável para extinção, conforme avaliação do Ministério do Meio Ambiente e o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). Isso varia de um Estado para outro, sendo que, no Rio Grande do Sul, é considerado criticamente ameaçado.
Em certas locais, é comum que cacem galinhas, despertando a fúria dos pequenos produtores rurais. No entanto, os ataques não afetam tanto como se costuma pensar. Muitas vezes, são outros animais que fazem isso e eles levam a culpa.
O lobo-guará é um também animal onívoro, pois consome uma grande variedade de animais e frutos. Ele se alimenta de pequenos mamíferos, como gambás e roedores, além de aves, lagartos, cobras e insetos. Além disso, gosta de uma frutinha cuja árvore recebeu o nome de lobeira por causa da sua preferência. Após comê-la, ele ajuda a espalhar suas sementes, pois as elimina pelas fezes.
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