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Mãe recebe rim do filho que teve morte cerebral após acidente com moto em Birigui

Região

Jovem de 20 anos teve diversos órgãos captados na Santa Casa de Araçatuba e beneficiou a própria mãe, que estava na fila de transplantes

Graziele Furquim do Amaral de Farias recebeu um dos rins captados do filho nesta semana na Santa Casa de Araçatuba

Graziele Furquim do Amaral de Farias recebeu um dos rins captados do filho nesta semana na Santa Casa de Araçatuba. Foto: Reprodução

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Um dos rins captados de Kauan do Amaral de Farias, 20 anos, de Birigui (SP), beneficiou a própria mãe dele, que aguardava na fila de transplantes. O jovem foi internado na Santa Casa de Araçatuba no domingo (1) com traumatismo craniano após acidente com moto, teve a morte cerebral constatada e a família autorizou a doação dos órgãos.

Em entrevista concedida à assessoria de imprensa do hospital, familiares dele informaram que era desejo dele, em vida, doar um dos rins à mãe, o que só poderia ser feito quando ele completasse 23 anos, conforme determina a legislação.

Segundo o que foi divulgado, Kauan era filho da pespontadeira Graziele Furquim do Amaral de Farias. Em julho de 2018 ela passou 45 dias internada, 15 deles na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), devido a uma crise severa de hipertensão.

Apesar do tratamento, os rins da paciente pararam de funcionar e ela precisou ser submetida a hemodiálise. Na época Graziele tinha 32 anos e em novembro do mesmo ano também perdeu a visão, em decorrência do quadro clínico.


TRATAMENTO

A paciente fazia as sessões de hemodiálise três vezes por semana no Hospital do Rim da Santa Casa de Araçatuba e, com as dificuldades da mãe, Kauan assumiu a responsabilidade de ajudá-la nas tarefas do lar. Ele passou a cuidar da casa, das compras, da irmã, que tinha 4 anos na época, e ainda a acompanhava nas sessões de hemodiálise.

Segundo a irmã de Graziele, a comerciante Nayara Furquim do Amaral, foi aí que surgiu nele a ideia no jovem de doar um dos rins para a mãe. “Ele não se conformava em ver o sofrimento da mãe, por isso quis doar um rim para ela ficar livre das máquinas de hemodiálise” , contou.

Por ter 16 anos na época, Kauan dizia que quando completasse os 23 anos, idade exigida pela legislação para se tornar um doador em vida, ele doaria um rim para a mãe.


ACIDENTE

Quis o destino que no primeiro dia deste ano o jovem se envolvesse no acidente de trânsito que causou o traumatismo craniano, abreviando a vida de Kauan. A morte encefálica foi constatada no início da tarde de terça-feira (3) e a equipe da Santa Casa de Araçatuba comunicou a mãe dele sobre a possibilidade de doação de órgãos.

“Minha irmã certamente nem lembrou da intenção do Kauan em doar um rim para ela. Mas, mesmo devastada, não pensou duas vezes em autorizar a doação, pois isso iria salvar muitas vidas. E ela queria um pedacinho dele em cada pessoa que pudesse ser salva”, disse Nayara à assessoria de imprensa da Santa Casa de Araçatuba.

Ela comentou ainda que após a morte do filho, Graziele chegou a dizer que não faria mais nada pela sua saúde dela, pois queria morrer logo para poder estar com ele.

Porém, a legislação que normatiza os transplantes no País também assegura aos familiares de até quarto grau que estejam na fila de espera, prioridade em relação a órgãos de um familiar que se tornou doador após morte encefálica.


DECISÃO

Ao ser comunicada que poderia ser beneficiada com um dos rins do próprio filho, Graziele teve que decidir entre estar presente no velório e enterro ou ir para o Hospital das Clínicas de Botucatu, onde seria feito o transplante.

Segundo o que foi informado, duas etapas de compatibilidade já haviam sido confirmadas e, diante da possibilidade de ter para sempre dentro dela “um pedacinho do filho” , a pespontadeira concordou em receber o rim de Kauan.

Ela ainda precisou passar por uma avaliação cardíacas, pois em caso de insuficiência, o transplante não seria autorizado. “Mas em meio a toda a dor, tivemos essa a boa notícia de que ela estava em condições de fazer a cirurgia” , informou Nayara.


TRANSPLANTE

O procedimento foi realizado na manhã de quinta-feira (5) no Hospital das Clínicas de Botucatu, referência em transplantes renais no interior paulista. Segundo a assessoria de imprensa da Santa Casa de Araçatuba, a equipe Hospital do Rim foi informada pelo HC de Botucatu que o transplante transcorreu sem intercorrências e foi bem sucedido.

Familiares de Graziele já a visitaram nesta sexta-feira e informaram que ela está se recuperando e deveria ter alta da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) nas próximas horas. (*) Da Redação - Hojemais Araçatuba



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