Nova administração estuda fechar Hospital de Campanha Covid-19
Saúde
Prefeitura pretende fazer transição para a Santa Casa até o encerramento de todo o atendimento
Gilson Ramos 20/01/2021Penápolis pode perder o Hospital Regional de Campanha, que é referência para o DRS (Departamento Regional de Saúde) de Araçatuba no atendimento aos pacientes do novo coronavírus (Covid-19).
Em estudos pela atual administração municipal, está uma transição para transferência dos leitos para a Santa Casa da cidade. O Centro de Referência, implantado na gestão anterior, atende pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) com 20 leitos de enfermagem, dez de UTI (Unidades de Terapias Intensivas) e outros três de suporte ventilatório.
Com a notícia de que, a partir de terça-feira (19), pacientes de Penápolis e da comarca já não mais seriam internados no Hospital de Campanha, mas na Santa Casa, houve manifestações contrárias da população nas redes sociais. No período da tarde, um pequeno grupo de familiares de pacientes internados no local, fizeram um movimento pacífico, pedindo o não fechamento do Centro de Covid.
A reportagem apurou que, após reunião na segunda-feira (18), envolvendo membros da administração municipal, da Santa Casa e da AHBB (Associação Hospitalar Beneficente do Brasil), que é quem administra em cogestão a Santa Casa, pronto-socorro e Hospital de Campanha, ficou decidido que ontem seriam feitas as notificações devidas aos órgãos competentes e constituída uma comissão de avaliação das condições da Santa Casa para implantação dos leitos e estruturação dessa transição até o encerramento de todo o atendimento dos pacientes do Centro Regional de Covid.
O desejo da administração é, em princípio, atender pacientes de Penápolis e comarca, com a garantia de que não haveria prejuízos para essa população. Se o Estado exigisse o atendimento, continuaria sendo disponibilizado via Cross (Central de Regulação da Oferta de Serviços de Saúde). No Plano de Contingenciamento para o enfrentamento da pandemia, leitos da Santa Casa já são utilizados. Por exemplo, pacientes particulares ficam internados na enfermaria (consta a disponibilidade de 40 leitos) ou, havendo necessidade, nos dois de isolamento da UTI.
Por conta disso, foram suspensas, a partir do último dia 13, a realização das cirurgias eletivas (não urgentes). A medida visa garantir o foco no atendimento à pandemia com a disponibilidade de leitos hospitalares. Pelos planos da administração, todos os pacientes em tratamento no Hospital de Campanha, tanto na enfermaria, quanto na UTI, continuariam sendo atendidos até obterem alta médica.
Somente os novos casos teriam o encaminhamento para a Santa Casa. Se houve vagas ficariam na cidade, do contrário, com solicitação na região. A situação mais preocupante é quanto à montagem da estrutura de UTI, uma vez que, para leitos de enfermagem, a Santa Casa já teria espaços para atendimento.
Neste caso, teria que existir uma força tarefa emergencial e investimentos financeiros da Prefeitura para essa adequação. Tudo isso está sendo discutido com equipes técnicas e jurídicas. Em nota, a Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Prefeitura informou, em atenção a questionamentos do INTERIOR, estar “levantando as informações solicitadas junto ao gabinete e secretaria municipal de Saúde”. “Assim que tivermos os dados, além de um posicionamento administrativo, informaremos a imprensa”, destacou a nota.
POSIÇÃO
Desde quando assumiu o comando administrativo, o prefeito Caíque Rossi (PSD) e sua equipe vem tratando desse assunto junto à própria DRS-Araçatuba e até o Ministério Público. Consta que, desde 23 de dezembro do ano passado, o Hospital de Campanha não estaria mais credenciado junto ao governo estadual, o que impediria o repasse de recursos.
Aliás, o grupo do atual governo foi contra a implantação da unidade no prédio que já funcionou dois hospitais, defendendo a montagem da estrutura desde o início na Santa Casa. Denúncias que chegaram ao conhecimento da administração reforçam esta posição de transferir. Outro agravante, segundo apurado, seriam apontamentos pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) e comissões de sindicâncias quanto a possíveis problemas com a prestação de contas do hospital.
Teria havido, inclusive, a recomendação destas comissões para a interrupção no repasse de recursos públicos até que as falhas fossem sanadas. Seriam vários os apontamentos apresentados, nos quais a atual gestão se baseia para já ter suspendido o repasse de mais de R$ 800 mil para o custeio do Centro de Covid. Esse problema já teria sido também levado ao conhecimento do MP para as devidas providências. O novo governo municipal não quer incorrer em atos de improbidade e se baseia em orientação jurídica para tomar suas decisões.
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