O casal que venceu o coronavírus e reacendeu a esperança de cura da doença

Cidade

Moradores da Vila Fátima receberam alta médica no domingo (5); eles estavam internados na Santa Casa

Ivan Ambrósio 10/04/2020

Diante dos balanços cotidianos da pandemia do Covid-19, o novo coronavírus, um casal de Penápolis reacendeu a chama da esperança após serem curados da doença. Eles permaneceram internados na Santa Casa local por uma semana.

Na saída, ocorrida no domingo (5), funcionários da ala B fizeram um corredor e aplaudiram a cozinheira Maria Alves Pereira Teixeira, de 53 anos, mais conhecida como Valéria, e o marido, o trabalhador rural Valdecir Teixeira, de 62, moradores do bairro Vila Fátima.

Ela contou com exclusividade ao INTERIOR por telefone, na manhã de quarta-feira (8), que foi a primeira a sentir os sintomas do vírus. “No dia 17 comecei a ter um incômodo na garganta. Fiquei assim por dois dias, quando passou, porém, imaginei que estaria com gripe, pois, logo em seguida, tive aquela sensação ruim no corpo”, disse.

A cozinheira relatou ainda que o marido, três dias depois, retornando do serviço, disse a ela que estava sentindo uma forte dor de cabeça e febre.

“Levamos ele no pronto-socorro, onde a médica o examinou e medicou, orientando que ficasse em casa seguindo com o tratamento”, destacou. No entanto, a situação de Teixeira piorou quando ele perdeu o olfato e o apetite. “Meu marido não conseguia ingerir nada. Parecia que havia uma barreira na garganta e, logo após, ele se queixou de falta de ar. Foi quando liguei para uma das minhas filhas, que o levou novamente ao PS”, observou.

Ao chegar à unidade, o trabalhador rural passou por uma bateria de exames e, diante dos resultados, o médico já recomendou que a filha buscasse a mãe. “Há anos não viajamos para lugar algum, mas, mesmo assim, estávamos com o coronavírus. Após o diagnóstico, já levaram eu e ele para o isolamento. No domingo (29), meu marido foi para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e ficou lá até quarta-feira (1º), quando se recuperou”, lembrou.

Maria ainda citou que Teixeira ficou em outro quarto separado dela até apresentar boa melhora e ir para o mesmo local onde a esposa estava internada. “Foram dias difíceis e chegamos a pensar, em alguns momentos, se sobreviveríamos”, revelou.


ALTA

No sábado, a esperança reacendeu quando o médico Alexandre Damo foi ao quarto onde estava o casal e trouxe a boa notícia de que eles estavam curados e que receberiam alta no dia seguinte para seguirem com a quarentena em casa.

“Na saída, a primeira coisa que fizemos foi agradecer a Deus por recuperarmos dessa doença, que não é brincadeira. Assim que chegamos em casa, matamos o desejo de comer arroz, feijão e bife, pois já tínhamos recuperado o paladar e olfato”, ressaltou.

Cumprindo a quarentena em casa e sob os cuidados de uma das filhas, a cabeleireira Patrícia Alves Teixeira, de 35 anos, o casal segue uma rotina de descanso e as recomendações médicas. “Por enquanto, não podemos receber visitas, mas, assim que tudo acabar, queremos abraçar a cada um que nos ajudou neste momento, em especial nossos vizinhos”, garantiu a cozinheira.

Ela enfatizou que a lição que tiram deste episódio é que não se pode brincar com esta doença. “Respeitem as determinações dos órgãos de saúde e fiquem em casa. A sensação é horrível e, quando está internado, passam-se mil pensamentos em sua mente. Mesmo com o bom atendimento que tivemos dos funcionários da Santa Casa, notamos a apreensão e pavor deles, pois é uma doença que ainda pouco se conhece”, lembrou.

Maria aproveitou para agradecer. “Eu e meu marido não temos palavras para expressar nossa gratidão à nossa família, amigos que fizeram uma corrente de oração nos dias que ficamos internados, a toda equipe do hospital e aos nossos vizinhos pela ajuda e cuidados que estamos recebendo. Que Deus dê em dobro a cada um”, concluiu.

Além de Patrícia, o casal tem mais dois filhos: Poliana e Evandro e se preparam para novos momentos de alegria e saúde. Em junho, ganharão o oitavo neto. Eles também têm um bisneto.