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Orelhões caem em desuso e apenas 41 aparelhos ‘sobrevivem’ na cidade

Cidade

Cerca de 260 equipamentos foram desativados em quatro anos

Um dos ‘sobreviventes’ está instalado na praça Dr. Carlos Sampaio Filho

Um dos ‘sobreviventes’ está instalado na praça Dr. Carlos Sampaio Filho. Foto: Ivan Ambrósio

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Equipamentos indispensáveis para a comunicação até meados de 2000, os telefones públicos, ou orelhões, estão desaparecendo das ruas de Penápolis nos últimos anos. Conhecido como “telefone-capacete” pelo escritor e poeta Carlos Drummond de Andrade, o item hoje quase não é visto nas calçadas.

Não é que eles sejam discretos: encravados no meio da calçada por um poste metálico e cobertos por uma estrutura de fibra de vidro que parece prestes a “engolir” a cabeça de quem se posiciona embaixo, os orelhões estão longe de ser o tipo de coisa que passaria despercebida numa cidade.

No entanto, a tecnologia encarregou-se de desviar o olhar destes aparelhos, que começaram a sumir das vias nos últimos anos sem que se desse falta deles. Segundo dados disponibilizados pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), em 2017, a cidade tinha 301 aparelhos disponíveis.

Já em 2019, a quantidade caiu 85%, passando para 43 e, até julho de 2021, são 41 – queda de 86%, ou seja, foram extintos 260 equipamentos. Deste total, 21 funcionam 24 horas e cinco são adaptados. Na tarde de sexta-feira (17), a reportagem do INTERIOR esteve na região central para conferir alguns dos orelhões disponíveis.

Os três aparelhos vistos ficam na rua Dr. Ramalho Franco, sendo um na praça Dr. Carlos Sampaio Filho e os outros dois no cruzamento com a avenida Luís Osório. Destes, apenas um é adaptado e o único que estava funcionando.


MOTIVOS

Ainda segundo a Anatel, a “extinção” dos telefones públicos se dá em decorrência dos avanços tecnológicos e da adequação das necessidades de serviços pela sociedade, sendo realizadas alterações no PGMU (Plano Geral de Metas para a Universalização) do Serviço Telefônico Fixo Comutado Prestado no Regime Público.

Dentre os pontos, estão: fim da obrigação da concessionária em manter TUPs (Telefones de Uso Público) a cada 300 metros nas localidades atendidas com acesso individual; extinção da obrigação de garantir a densidade de quatro orelhões para cada mil habitantes por município, de forma que as concessionárias iniciaram a retirada dos terminais não mais obrigatórios e a redução de 50% para 10% da quantidade de terminais instalados em locais acessíveis ao público 24 horas por dia.

O órgão ainda ressaltou que essas medidas representaram a diminuição do quantitativo de orelhões disponibilizados para uso. “Todavia, a ação das concessionárias está em consonância com os normativos regulamentares que regem o tema, não havendo irregularidade quanto à remoção de telefones públicos, no intuito de adequação ao dispositivo jurídico vigente”, finalizou.

No Brasil, em dezembro de 2018, existiam 830.119 telefones públicos no país e, atualmente, são 173.244 terminais, ou seja, foram retirados mais de 650 mil equipamentos - aproximadamente 80% da planta. Projetado nos anos 70 por uma designer chinesa, o orelhão foi uma encomenda do Brasil para proteger os aparelhos.

Assim foi criado um objeto de vidro ou acrílico, que abafa os sons externos e uma cobertura oval, que protege o telefone e o usuário da chuva e do sol. As ligações nos aparelhos eram feitas por meio de fichas, porém, com o passar do tempo, passaram a ser por cartões comprados em bancas de jornal e outros locais.

Na crônica de Drummond, escrita em 72, quando os primeiros orelhões foram instalados na cidade de São Paulo, o escritor já falava do problema do vandalismo. “As cabinas cilíndricas despertaram a agressividade, o instinto predatório de alguns, e logo se tornaram ruínas”, analisou, isso porque na época eram muito mais úteis do que hoje.



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