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Pastores de Birigui confessam ocultação de cadáver de mulher que teria sido torturada e assassinada

Polícia

Os crimes teriam ocorrido em 3 de junho de 2020, na residência do casal, no bairro Santa Maria, em Aracaju

Retroescavadeira ajudou nas escavações em busca dos restos mortais da vítima

Retroescavadeira ajudou nas escavações em busca dos restos mortais da vítima. Foto: Hojemais Araçatuba

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O casal de pastores de Birigui (SP) que foi preso na madrugada de 24 de fevereiro durante abordagem na rodovia Marechal Rondon (SP-300), em Araçatuba (SP), foi transferido na semana passada para Sergipe, onde responde por tortura, feminicídio e ocultação do cadáver de Edjane de Jesus Silva, 35 anos.

Os crimes teriam ocorrido em 3 de junho de 2020, na residência do casal, no bairro Santa Maria, em Aracaju. Um filho dos pastores, de 25 anos, também foi preso acusado de participação.

Segundo o que foi apurado pelo Hojemais Araçatuba , informalmente os acusados teriam confessado a ocultação do cadáver das vítima e acompanharam as escavações feitas em um canavial no município de Teotônio Vilela, em Alagoas.

A reportagem apurou que os investigados chegaram em Sergipe na quinta-feira (31) e as buscas foram realizadas no dia seguinte. As escavações ocorreram durante todo o dia com a utilização de uma retroescavadeira, vasculhando o local indicado pelo pastor, mas os restos mortais da vítima não foram encontrados.

Ainda de acordo com o que foi apurado pela reportagem, o interrogatório formal dos três acusados deve acontecer ainda nesta semana.


PRISÕES

O pastor de 44 anos e a companheira dele, de 43 anos, residiam no Bairro Alto, em Birigui, e foram presos pela Polícia Militar Rodoviária. Eles estavam em um carro com placas de Aracaju, que foi abordado por volta das 3h.

Apesar de a documentação do carro estar regular, o proprietário constou como procurado da Justiça e foi constatado que ele pertencia ao pastor investigado. Foi feita consulta no site do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e também havia um mandado de prisão contra a companheira dele, que estava no banco traseiro do veículo.

Os mandados de prisão temporária por 30 dias foram expedidos em 3 de março pelo TJ-SE (Tribunal de Justiça de Sergipe), pelo crime de homicídio. A mulher não apresentou o número da carteira de identidade dela.

Segundo o que foi apurado pelo Hojemais Araçatuba , o pastor da igreja que eles frequentam em Birigui esteve na delegacia e foi comunicado das prisões e um advogado foi informado da captura dos procurados.


FILHO

Ao ser comunicada da prisão do casal, a Deic (Divisão Especializada em Investigações Criminais) de Araçatuba procurou a Polícia Civil de Sergipe e foi informada pela DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) que também havia um mandado de prisão contra o filho do casal, por suspeita de participação nos crimes.

Equipe do GOE/Deic (Grupo de Operações Especiais) esteve em uma residência em Birigui na manhã seguinte para tentar cumprir o mandado de prisão, mas ele não estava. Ele foi capturado no período da tarde, ao ser encontrado na casa de um pastor, no bairro Casa Nova, em Araçatuba.


TESTEMUNHA

Durante as diligências, a Polícia Civil de Araçatuba encontrou um jovem que veio de Sergipe junto com os pastores. Interrogado por videoconferência pelo delegado da DHPP de Aracaju, Mario de Carvalho Leony, ele informou que teria presenciado a morte de Edjane.

Segundo a investigação, a vítima e uma irmã dela frequentavam o Templo do Arrebatamento Divino, igreja evangélica que tinha o casal como pastores. Edjane teria se apaixonado pelo filho do casal, e apesar de o sentimento não ser correspondido, ela foi acolhida pela família.

Com o tempo a vítima teria passado a ser explorada e mantida em condição análoga à de escrava, fazendo serviços para o casal. O mesmo aconteceria com grupos de jovens que frequentavam a igreja e seriam obrigados a vender doces nas ruas para arrecadar dinheiro para a igreja, mas que na verdade ficaria com o casal.

A testemunha encontrada em Birigui também teria sido acolhida pelos pastores e vendia produtos em cruzamentos na cidade para arrecadar dinheiro para o casal, segundo relatou em depoimento.

Os jovens também seriam agredidos fisicamente e alguns deles apresentam cicatrizes, inclusive no rosto, causadas por objetos arremessados pela pastora, que seria pessoa muito violenta. Um inquérito a parte investiga as agressões.


DESAPARECIMENTO

A morte de Edjane passou a ser investigada após a família registrar o boletim de ocorrência comunicando o desaparecimento, na delegacia do bairro.

O inquérito na DHPP foi instaurado em novembro do ano passado e, ao ser ouvida, a irmã da vítima contou que no dia da morte ela foi chamada pelos pastores e chegou a ver Edjane agonizando no chão da residência. Porém, não denunciou o casal e nem chamou por socorro.

Outras testemunhas ouvidas relataram que a vítima tinha hematomas no corpo e teria tido o órgão genital queimado. O delegado informou ao Hojemais Araçatuba na ocasião da prisão dos acusados, que as testemunhas sentiam que tinham uma dívida com os pastores, por terem sido acolhidas por eles, por isso não fizeram nada para impedi-los.

A testemunha de Birigui contou em depoimento que não pediu socorro à vítima ao vê-la morrendo, por ter sido alertada pelos pastores que ela tinha hematomas no corpo, de agressões anteriores, o que poderia dar problemas a eles.

Após a morte o casal teria levado o corpo para o município de Teotônio Vilela, terra natal dos pastores, e enterrado em um canavial.


PRÓXIMOS PASSOS

A Polícia Civil de Sergipe representou pela prorrogação das prisões temporárias dos investigados, que foram concedidas, e continuará tentando localizar o corpo da vítima. (*) Lázaro Jr. - Hojemais Araçatuba



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