Prestes a completar 80 anos em novembro, alfaiate se forma em Pedagogia
Educação
E, acredite, não quer parar por aí: recém-formado agora cursa Matemática
Ivan Ambrósio 27/08/2022Waldemar Badaró, que completará 80 anos em novembro, torna viva a frase de que “nunca é tarde para estudar”. Alfaiate, ele se formou em Pedagogia o ano passado pela Unopar de Penápolis. A colação de grau acontece neste sábado (27) e, acredite, ele não quer parar por aí, já iniciando a segunda graduação, desta vez, em Matemática.
A vontade de estudar em um curso superior sempre existiu, mas, com a correria diária e os desafios da vida, antes não foi possível. Aliás, a palavra desistir nunca existiu em seu dicionário. “Sempre tive o gosto pelos estudos, iniciando eles na escola no Distrito de São Martinho d’Oeste, que pertence a Alto Alegre. Aos 11 anos, aprendi o ofício de alfaiate e, nas horas vagas, ainda ajudava meu pai na roça”, lembrou.
Badaró recorda que foi para Lins, onde morou por quase cinco anos, trabalhando em empresas no ramo da alfaiataria. Na sequência, voltou para Alto Alegre, onde estudou até o 6º, interrompendo-o depois. Casou aos 21 com Carmem Afonso Garcia Badaró, tendo três filhos – dois homens e uma mulher.
“Com a família crescendo e o grande número de pedidos dos clientes, tive que deixar de lado os estudos, mas sempre pensando que um dia retornaria”, destacou. Ainda no município, foi vereador e presidente da Câmara e é avô de três netos – dois advogados e uma que está em conclusão do curso de Direito.
CEEJA
Com o passar do tempo, o alfaiate mudou-se com a família para Penápolis e, aos 72 anos, durante conversa com uma nora, soube do Ceeja (Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos) Professor João Segura.
“Ela me perguntou se eu não gostaria de me matricular e concluir os estudos. Aceitei o convite e pude terminar o ensino fundamental e médio”, comentou. E quem acha que isso já seria o suficiente para o alfaiate se engana. Aos 77, iniciou a graduação.
“Pensei em Medicina, mas optei por Pedagogia”, observou. Para ele, o apoio da família e a vontade incansável de estudar foram pontos importantes para essa conquista. “O mais difícil foi à parte do computador, por exemplo, mas consegui com ajuda deles e, principalmente, os incentivos, especialmente da minha esposa”, revelou.
Sempre esbanjando simpatia e com uma vitalidade de dar inveja a muitos jovens, Badaró não se preocupou em deixar o conforto de casa à noite, pelo menos uma vez por semana, para ir até a universidade estudar e obter excelentes notas nos trabalhos e provas.
“Nos demais dias, me programei para acabar o serviço mais cedo e, no período noturno, acompanhar as aulas e os materiais em casa. Fiz muitas amizades na sala com os demais alunos e os professores, que também se mostraram à disposição para tirar todas as dúvidas”, lembrou.
E os estudos não param por aí. O recém-pedagogo agora cursa Matemática pela mesma instituição e, ao mesmo tempo, um estágio. Se aparecer alguma oportunidade para lecionar, Badaró está pronto. Ele aproveitou para dar um conselho a todos que pensam em retornar aos estudos, independente da idade.
“A educação atrai boas oportunidades e o conhecimento é algo que ninguém nos tira e uma herança que levamos para o resto da vida. Estudar faz toda a diferença. Hoje eu digo: nunca desista dos seus sonhos, olhe sempre para frente e vá à luta”, finalizou.
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