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Publicado decreto que torna sem efeito nomeação de Decotelli

Política

Diário Oficial da União (DOU) publica hoje (1º) decreto tornando sem efeito o decreto de 25 de junho de 2020, publicado no mesmo dia

Decotelli foi nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro, mas não chegou a tomar posse

Decotelli foi nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro, mas não chegou a tomar posse. Foto: Arquivo Agência Brasil/Marcello Casal Jr

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Desmentido por uma série de instituições de ensino internacionais e do Brasil acerca do seu currículo, o economista e professor Carlos Alberto Decotelli pediu para ser exonerado do Ministério da Educação (MEC), menos de uma semana depois de ter sido nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro para substituir Abraham Weintraub. Ontem, ele entregou uma carta de demissão ao chefe do Executivo e saiu do governo federal antes mesmo de tomar posse.

O ministro-relâmpago disse que o estopim para a decisão de desistir do posto foi o fato de a Fundação Getulio Vargas (FGV) ter afirmado que ele não foi pesquisador ou professor da instituição. “Prof. Decotelli atuou apenas nos cursos de educação continuada, nos programas de formação de executivos e não como professor de qualquer das escolas da Fundação”, informou a instituição, em comunicado oficial.

Antes, Decotelli já havia sido desmentido pela Universidade Nacional de Rosário, da Argentina, e pela Universidade de Wuppertal, da Alemanha, que negaram títulos de doutorado e pós-doutorado que constavam no currículo dele. Além disso, foi acusado de plágio na tese de mestrado (leia ao lado). Em entrevista à CNN Brasil, Decotelli culpou a FGV por sua saída repentina do MEC.

“A estrutura pela qual a destruição da continuidade veio pelo fato da construção fake da FGV divulgar que eu nunca fui professor da FGV. Então, essa informação fez com que o presidente me chamasse e dissesse que: ‘Se até a FGV, onde o senhor trabalha há 40 anos ministrando cursos, vários alunos têm seu nome impresso nos certificados, está negando que o senhor é professor da FGV, então, é impossível o governo continuar sendo questionado das inconsistências em seu currículo’. O que, portanto, tornou inviável minha permanência”, afirmou Decotelli.

Nesta terça (30), Bolsonaro não deu declarações sobre a situação de Decotelli. Contudo, já aceitou o pedido de demissão e publicou um ato no Diário Oficial da União de hoje para tornar sem efeito a nomeação do professor. O presidente quer evitar constrangimentos maiores para ele e para o governo, sobretudo porque os dois se reuniram na última segunda-feira e, apesar da cobrança de Bolsonaro por explicações sobre as inconsistências curriculares, o ex-ministro não citou o caso da FGV.

A nova controvérsia deixou Bolsonaro irritado. Até então, o presidente estava disposto a manter o nomeado como ministro. Em publicação nas redes sociais na segunda-feira, chegou a afirmar que o professor “estava ciente de seu equívoco”, mas destacou que ele não pretendia “ser um problema” para o governo.


SUBSTITUTO

Para escolher o novo ministro da Educação, Bolsonaro pretende ser mais criterioso. No momento, o nome mais cotado é o do professor e reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Anderson Ribeiro Correia. A nomeação dele conta com o aval de militares e da ala ideológica do governo. Correia tem um perfil técnico, como se quer no governo, e um currículo robusto. Por sinal, todas as informações sobre Correia foram checadas para não se repetir a desmoralização em relação a Decotelli.

Ele é ex-presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), foi membro do Conselho Deliberativo e é pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), nível 1B. Atuou na equipe de transição entre os governos Michel Temer e Bolsonaro, na área da Educação.

Outros dois nomes citados na lista de cotados são Marcus Vinicius Rodrigues, ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep); e Antônio Freitas, pró-reitor da FGV, que aparecia como orientador do doutorado não realizado por Decotelli.

Também aparecem no páreo o assessor especial do MEC, Sérgio Sant’Anna, aliado de Abraham Weintraub; o secretário nacional de Alfabetização, Carlos Nadalim; o secretário estadual de Educação do Paraná, Renato Feder; e a secretária de Educação Básica, Ilona Becskeházy.



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