Santa Casa de Birigui entra com ação de danos morais contra a CPFL

Região

Hospital também registrou boletim de ocorrência contra a companhia de energia pela divulgação “indevida” dos débitos da entidade

Da Redação 10/02/2022

A Santa Casa de Birigui (SP) ingressou com ação de danos morais contra a CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) pela divulgação indevida dos débitos da entidade junto à imprensa e mídias sociais. O hospital também registrou boletim de ocorrência contra a concessionária de energia pelo mesmo motivo.

No último dia 1º, a companhia protocolou ofício na Câmara dos Vereadores informando que o hospital devia 15 contas de energia elétrica, além de uma fatura de atualização em acordo celebrado em setembro de 2019, porém não paga. Os débitos acumulados somariam R$ 240.360,21, sem encargos moratórios.

As mesmas informações seriam enviadas à Prefeitura e Ministério Público, segundo documento assinado por Daniel Carvalho Pinto, da Gerência de Recuperação de Receitas da CPFL. O prefeito Leandro Maffeis (PSL) confirmou, por meio da assessoria de imprensa, o recebimento de ofício sobre o assunto na tarde do dia 2.


ATRASO

À reportagem do Hojemais Araçatuba, a Santa Casa reconhece que está com a conta de energia em atraso, porém nega que haja alguma parcela do acordo sem pagamento.

Segundo o presidente Miguel Ribeiro, foi feito um parcelamento em 2019 que está sendo pago mensalmente, sem atrasos, no valor de R$ 21 mil cada parcela. Na semana passada foi quitada a conta do mês de setembro do hospital, no valor de R$ 58 mil, e nesta semana será paga a de outubro, situação que ele considera dentro da normalidade.

“Se foi feito um parcelamento lá atrás, você concorda que em algum momento atrasou conta de luz no hospital?”, questiona a administradora Andréa Antonio sobre as contas.

Ribeiro diz que nem o gerente regional da CPFL, que cuida das contas da Santa Casa, tinha conhecimento do ofício, que foi enviado pela sede, e rechaça a afirmação de que “a CPFL tentou, por diversas vezes, uma solução amigável” com o hospital para a quitação dos débitos. “Ninguém da CPFL fez contato antes de fazer esse auê todo”, afirma.


JOGO

Andréa também questiona o fato de a companhia querer jogar a população contra a Santa Casa, citando no ofício que o inadimplemento do hospital prejudica os moradores, porque encarece o valor da energia paga pelos demais usuários.

“Falar que a situação financeira da Santa Casa é ótima é mentira. Mas se eu estou precisando de um recurso financeiro e o único que eu tenho é pra comprar medicação para o hospital não parar ou pagar a conta de luz, o que você faria? Eu paguei a medicação e faltou para a conta de luz. Agora temos recursos para pagar a luz e vamos pagar, tanto que semana passada já fiz um pagamento e estamos programando acertar as demais contas”, disse Andrea.


TRANSTORNO

Para o presidente, o problema não é a dívida, mas a forma com que a companhia conduziu a situação. “Isso causou um transtorno psicológico enorme nos funcionários”, disse.

Na sexta-feira (4), dois dias após a divulgação do ofício pelo Hojemais Araçatuba , um caminhão da CPFL esteve no hospital para uma manutenção programada. “Tiraram fotos e saíram espalhando que estavam cortando a energia do hospital”. O fato aumentou ainda mais os problemas internos.

Ainda segundo a diretoria, o hospital possui gerador, por isso a população pode ficar tranquila quanto à continuidade dos atendimentos em caso de falta de energia elétrica.


CPFL INVESTIU R$ 770 MIL EM USINA SOLAR NO HOSPITAL

A CPFL investiu R$ 770 mil na implantação de uma usina solar fotovoltaica na Santa Casa de Birigui. Foram instaladas 430 placas solares e trocada toda a iluminação interna, num total de 750 lâmpadas de LED.

A usina entrou em operação no dia 15 de julho de 2021 e ainda passa por ajustes, mas já é responsável por 60% da energia elétrica consumida pelo hospital.

A ação faz parte do programa CPFL nos Hospitais, que busca ajudar instituições de saúde públicas e filantrópicas a terem um sistema de energia sustentável e, além disso, reduzirem sua conta de luz. Isso acontece porque a usina fotovoltaica faz com que o hospital precise de menos energia da rede da CPFL - além das lâmpadas mais eficientes, que consomem menos.

Segundo Miguel Ribeiro, esse fato desmente outra informação do ofício protocolado nos órgãos públicos pela CPFL, onde a companhia fala em desinteresse por parte do hospital em solucionar o problema das contas de energia.

“Eu não entendo porquê querem destruir a imagem da Santa Casa. As pessoas têm que colocar na cabeça que a Santa Casa é da população. Todo mundo tem que a ajudar, porque é a única que existe. Me fala um biriguiense que nunca usufruiu da Santa Casa ou não teve algum parente que o fez? Isso aqui é da população”, finalizou Ribeiro. (*) Aline Galcino - Hojemais Araçatuba