Santa Casa já teria esgotado medicamentos do kit intubação
Cidade
São utilizados outros anestésicos, mas os remédios não são os mais indicados
Gilson Ramos 07/04/2021Situação bastante preocupante na Santa Casa de Misericórdia de Penápolis. Os medicamentos que compõem o chamado “kit intubação”, para o tratamento de pacientes com a Covid-19, já teriam chegado ao fim nos estoques do hospital. Drogas alternativas estariam sendo utilizadas desde o início desta semana, para manter os pacientes intubados na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
A notícia foi veiculada nesta terça-feira (6), pelo telejornal Tem Notícias 1ª edição, da TV Tem, afiliada da Rede Globo, em link feito ao vivo defronte à Santa Casa, na hora do almoço. A reportagem do INTERIOR entrou em contato com a superintendência do hospital, bem como a assessoria de imprensa da AHBB (Associação Hospitalar Beneficente do Brasil) que administra a entidade, porém, até o fechamento desta edição, não responderam aos questionamentos.
Segundo o hospital, os medicamentos acabaram e a unidade não conseguiu encontrá-los para a compra, como é o caso do midazolam e fentanil. Com a falta deles estão utilizando outras drogas para substituição: diazepam ou mesmo a morfina utilizados em pacientes com outras doenças.
Conforme a reportagem televisiva, de acordo com a direção técnica esses medicamentos não são os mais indicados, mas é o que se tem no momento, inclusive para manter esses pacientes sedados, para que eles não sintam desconforto ou até mesmo problemas em caso de estarem voltando à consciência; eles precisam ser mantidos sedados, por isso uso de drogas alternativas.
Ainda conforme noticiado, os medicamentos acabaram e a unidade não conseguiu encontrá-los para a compra. Para o final de semana passada a Santa Casa recebeu 300 ampolas do anestésico midazolam para intubação do Governo do Estado, só que o consumo médio é de 120 ampolas por dia, que pode variar dependendo do número de pacientes que estão na UTI ou que estão intubados. Fentanil, outro sedativo também acabou.
FORNECIMENTO
O governo estadual disse que, após constantes cobranças da Secretaria de Estado da Saúde por medidas urgentes ao Ministério da Saúde para auxílio no fornecimento de medicamentos para intubação, o governo federal liberou ao Estado, desde a semana passada, 215.313 ampolas de neurobloqueadores e anestésicos, o que corresponde a apenas 6% do que é preciso para atender a demanda mensal da rede pública estadual.
O necessário seriam 3,5 milhões de ampolas. A nota afirmou ainda que secretaria tem tentado fazer acordos com farmacêuticas e faz o monitoramento diário da demanda, além de pedir a ampliação da disponibilidade de compra ao governo federal.
FALTA
Na semana passada, o INTERIOR noticiou antecipando que a Santa Casa estava sofrendo a mesma realidade de diversos hospitais, inclusive da região, com a falta de medicamentos e do kit intubação para garantir a ventilação mecânica de pacientes internados nos leitos da UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Conforme a direção da Santa Casa, na quarta-feira passada, dia 31 de março, o estoque de relaxante muscular estava baixo e não havia previsão de receber novos insumos pelo menos até o início desta semana, 5 de abril.
O superintendente do hospital, Roberto Martins Torsiano, disse que de maneira geral, não há no momento medicação disponível para compra em nenhum lugar do país, em todos os hospitais públicos e privados, devido à requisição administrativa realizada pelo Ministério da Saúde, em que as empresas produtoras da medicação estão proibidas de vender os insumos aos hospitais.
Ainda segundo o hospital, essa medida adotada pelo órgão federal poderá comprometer, em breve, o atendimento aos pacientes internados e a restringir novos atendimentos. Além da dificuldade de encontrar fornecedores para abastecer os estoques dos hospitais, o preço disparou.
De acordo com Torsiano, o problema é que não se tem ofertas das medicações com os distribuidores, ou seja, o mercado não está oferecendo. “Mesmo tendo aumento os preços astronomicamente, não tem para entregar”, relatou.
Nestes últimos dias, as equipes de farmácia e de compras estão empenhadas em fazer um mapa de estoque e aquisições, no máximo esforço para ver tudo o que se pode adquirir, mas não estão achando. Ainda conforme o diretor, não tem distribuidor que se disponha a assumir o compromisso de fornecer.
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