Secretário municipal de Saúde é suspeito de favorecer OS
Polícia
Ele foi preso temporariamente durante a Operação Raio X
Ivan Ambrósio 02/10/2020Nas investigações feitas pela Polícia Civil e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público, foram encontrados indícios de que o secretário municipal de Saúde, Wilson Carlos Braz, teria favorecido a atuação do grupo.
Ele foi preso temporariamente durante a Operação Raio X, ocorrida na última terça-feira (29), em diversas localidades. Segundo o que foi apurado, esse beneficiamento teria ocorrido para a OS (Organização Social) Irmandade da Santa Casa de Birigui assumisse o gerenciamento do pronto-socorro e teria continuado depois, durante a prestação dos serviços.
O levantamento ainda indica suspeita de que Braz seja sócio oculto de um dos médicos que também foi preso, em uma empresa contratada pela organização. Ele, que é coronel da reserva da Polícia Militar, era responsável por dar o parecer sobre a qualificação das OSs a ser contratada e fiscalizar o futuro contrato de gestão.
Entretanto, a investigação encontrou indícios de que ele estaria defendendo os interesses da entidade contratada e não os do município. O secretário fazia parte da comissão licitante que reduziu de dois anos para cinco dias o prazo para que as empresas participantes se adequassem ao critério técnico do contrato de gestão.
Dessa forma, as demais foram desqualificadas e a Irmandade Santa Casa de Birigui venceu a concorrência. Braz também integrou a comissão de fiscalização do contrato de gestão, que teria apontado diversos gastos irregulares ao analisar a prestação de contas da OS, mas ele não teria tomado providências com relação a isso.
Entre os pontos apontados estariam gastos excessivos com manutenção de ar-condicionado, o que também foi constatado pelo Ministério Público no PS, com indícios de superfaturamento ou pagamento por serviços não prestados.
A empresa que recebia pagamentos mensais do pronto-socorro teria diversos contratos com a irmandade em outros municípios onde ela também atua. A comissão teria apontado ainda pagamentos a supostos fornecedores e prestadores de serviços com contratos vencidos.
Em outra ocasião, o secretário teria concordado em comprar suprimentos para o PS, por meio da Prefeitura, a pedido da OS, que recebia os recursos para esse fim, mas teria alegado falta de dinheiro. Também houve questionamentos sobre o valor pago mensalmente em aluguel de veículos pela organização, para supostamente serem utilizados pelo pronto-socorro.
EMPRESA
Outra suposta irregularidade apontada pela investigação é que há indícios de que Braz seja sócio oculto de uma empresa contratada para prestar serviços para o OSS, o que é proibido pela Lei Orgânica do Município por ele ser secretário municipal.
Além disso, as esposas dele e do médico que supostamente seria sócio seriam as responsáveis por organizar as escalas de plantões do pronto-socorro e a empresa deles receberia por esse serviço. A Justiça ainda acatou o pedido da Polícia Civil e determinou a realização de buscas em endereços de três vereadores para coleta de materiais e de um médico que já foi diretor regional de Saúde de Araçatuba.
No caso do profissional, chegou a ser representada pela prisão temporária dele, porém, a Justiça entendeu que não havia indícios suficientes, concordou apenas com a realização das buscas. O outro médico que teve a prisão temporária decretada e cumprida é primo do apontado como chefe do suposto esquema criminoso, que também está detido.
Segundo apurado, Braz já foi apresentado para prestar depoimento, mas optou por se pronunciar apenas em juízo. A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Birigui informou, por meio de nota, que cooperou com a operação.
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