Soldador preso por estupros é denunciado pelo Ministério Público por 21 crimes contra mulheres
Região
José Antônio Miranda da Silva foi denunciado por sete estupros, dois homicídios, cinco roubos e sete tentativas de homicídios
Da Redação 29/08/2020O Ministério Público denunciou o soldador José Antônio Miranda da Silva, de 48 anos, por 21 crimes cometidos contra nove mulheres em cidades da região de São José do Rio Preto (SP).
José foi preso após ser apontado por estuprar ao menos 17 vítimas e permanece à disposição da Justiça no Centro de Detenção Provisória de Lucélia (SP).
Em entrevista ao G1, o Promotor de Justiça José Márcio Rossetto afirmou que o criminoso foi denunciado por dois homicídios consumados e sete tentados, cinco roubos e sete estupros.
“As tentativas e os homicídios foram triplamente qualificados por crueldade, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio. Nossa ideia é deixá-lo ser condenado pelo Tribunal do Júri para pegar 200 anos. Assim, garantimos que ele vai permanecer ficar ao menos 40 anos preso. Ele não pode mais sair da cadeia”.
As investigações foram comandadas pelo delegado Wander Luciano Solgon da Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC) e apontaram que o soldador é suspeito de estuprar 17 mulheres de forma extremamente violenta. Contudo, a denúncia do Ministério Público elenca nove vítimas do criminoso em série.
“Por uma questão procedimental, não pôde ser tudo juntado. Inclusive, não era para ser o processo do jeito que está. Eu coloquei quatro inquéritos em um processo só, porque defendi a tese de conexão probatória. Eu fiz um esforço para poder juntar todos os homicídios em um processo só”.
Consta na denúncia do Ministério Público que José ganhava a atenção ou confiança das vítimas e as colocava no seu veículo. Em seguida, as mulheres eram levadas para um local ermo, onde eram estupradas de forma extremamente violenta. O soldador também enforcava as vítimas com cintos e cordas e riscava o corpo delas com faca.
“Ele ateou fogo em duas. Uma ele matou. A outra conseguiu sobreviver. Mas ele sempre levava um galão junto. Teve uma vítima que ele enterrou, mas conseguiu sobreviver. As mulheres eram mantidas em uma mata. Ele começa estuprá-las à noite e continuava até a madrugada. As vítimas desmaiavam, e ele continuava. Enfim, fazia sessões de estupros”.
“Tive acesso às fotos das vítimas. Elas ficavam muito machucadas. As que sobreviveram saíam peladas, andavam por horas em uma estrada, totalmente desnorteadas. Outra mulher andou até um cemitério e deitou em um buraco, provavelmente, uma cova. Ela dormiu o dia todo e foi encontrada pelo coveiro”, complementa o Promotor de Justiça.
A Polícia Civil instaurou inquérito depois de uma vítima ser estuprada e sofrer tentativa de homicídio em Monte Aprazível (SP). Os investigadores tomaram conhecimento de outros crimes cometidos com o mesmo modus operandi e concluíram que lidavam com um criminoso em série que usava sempre o mesmo carro.
Como a autoria ainda não era conhecida, os policiais passaram a realizar incessantes buscas a fim de se localizar um suspeito com as mesmas características físicas e do veículo utilizado, descritos pelas vítimas. Uma fotografia foi mostrada para as mulheres, que reconheceram José como o autor dos crimes.
Os investigadores pediram a prisão temporária do soldador e conseguiram localizá-lo no bairro Ouro Verde, em Rio Preto, em junho de 2020. A polícia continuou analisando boletins de ocorrência e descobriu que o criminoso era responsável por outros estupros, homicídios e tentativas de homicídios.
Segundo a denúncia do Ministério Público, as duas mulheres mortas por José foram Sebastiana de Fátima de Souza e Adriana de Mello Viana. Elas eram dependentes químicas e foram mortas com extrema crueldade. Os corpos delas foram encontrados em lugares ermos.
As vítimas que sobreviveram aos ataques ficaram com diversos ferimentos pelo corpo e extremamente abaladas. Algumas se fingiram de mortas para conseguir escapar. Outras precisaram ser internadas em hospitais e fazer tratamento psiquiátrico.
“Pesquisando o passado do denunciado, a polícia descobriu que ela tinha cumprido longa pena criminal pela prática de crimes da mesma natureza, deixando o cárcere recentemente, no final do ano de 2017”, consta em um trecho da denúncia.
“O denunciado, no início da década de 1990, ficou conhecido como o “Maníaco do Corcel”, tendo em vista o veículo Ford Corcel que utilizava para praticar os crimes. Atuando da mesma maneira, oferecia carona a mulheres sozinhas e depois as levava até propriedade rurais da região, onde eram violentadas, estupradas e vítimas de tentativa de homicídio e roubo também”, escreveu o Promotor de Justiça em outra parte. (*) Por G1 Rio Preto e Araçatuba
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