Um político que chama atenção nas redes sociais como prefeito de Colatina
Política
Conquistando cada vez mais admiradores, Sérgio Meneguelli concedeu entrevista exclusiva ao INTERIOR
Ivan Ambrósio 29/12/2019Atualmente, acreditar em político tornou-se um ato difícil, após tantos escândalos e absurdos que vem ocorrendo ao longo dos últimos anos no país. No entanto, na contramão deste cenário, um prefeito vem se destacando por suas atitudes que viralizaram nas redes sociais.
Sérgio Meneguelli - que completará 64 anos em fevereiro do ano que vem - é bacharel em Direito e chefe do Executivo de Colatina, um município com mais de 122 mil habitantes no Espírito Santo. Ele, que já possui mais de um milhão de seguidores em sua página no Facebook, tem conquistado o respeito e carinho de boa parte dos brasileiros.
E adjetivos não faltam quando a resposta é saber quem ele é aos admiradores: bondoso, popular, generoso, entre outros. Isso porque Meneguelli, que era filiado ao MDB e hoje está sem partido, aparece com a “mão na massa” e faz questão de divulgar sua satisfação em realizar trabalhos aos finais de semana, como pinturas de casas, calçadas, plantação de árvores, instalação de enfeites, entre outras ações que chamam a atenção de quem o acompanha, seja pessoalmente ou pela internet.
Desde que assumiu o cargo, Meneguelli tem se destacado de outros prefeitos brasileiros por seu modo humilde de gerenciar a cidade. Durante a semana, ele pedala de bicicleta até a Prefeitura. Em entrevista exclusiva ao INTERIOR, o chefe do Executivo comenta o início na política, os desafios frente à administração de um município, o cenário nacional e perspectivas para 2020. Confira na íntegra:
Como foi o início na política?
Na verdade, foi um sonho de criança. Antigamente tínhamos comícios com shows e atrações e eu ia em todos para se divertir e brincar, até que, em um deles, fui chamado para subir na carroceria de um caminhão, onde, para ganhar um brinde, precisava responder quem ganharia a eleição para prefeito. Na oportunidade, eu respondi o nome do candidato adversário e, imagine, foi um ‘reboliço só’. Daí em diante me chamaram para ser a ‘vedete’ dos comícios do outro candidato, sendo que eu me apresentava dizendo que “não podia votar ainda, pois era criança mas, se pudesse, escolheria o candidato tal” e que se “Deus quisesse, um dia seria prefeito desta cidade, pois amo Colatinha”.
Teve alguém que o incentivou?
Sim, meu pai Pedro Meneguelli. Ele sempre dizia a seguinte frase: “vai, menino, viva e lute pelo seu sonho”.
Antes de ser prefeito, exerceu outro cargo político? Se sim, qual foi e por quanto tempo?
Sim. Fui vereador por quatro mandatos. Iniciei em 1982.
Por que quando lhe perguntam se o senhor é prefeito, sempre diz que “está prefeito” de Colatina?
Prefeito não é uma profissão. Se você é professor, médico, jornalista, isso será eternamente. Prefeito, vereador, presidente é passageiro e tem por obrigação de servir. Terminando o mandato, continuarei sendo o Sérgio Meneguelli e outra pessoa é que será o prefeito.
O senhor ficou conhecido nas redes sociais pelas suas ações e simplicidade, como a participação em limpeza de praças, pinturas, reformas em prédios públicos e até pelo fato de ir trabalhar de bicicleta todos os dias. Qual foi a sua reação quando os vídeos começaram a viralizar?
Foi tranquilo, pois sempre fiz isso. Sempre usei tênis All Star, andei de bicicleta, decorei diversos espaços da cidade em datas especiais e sempre tive redes sociais com muita interatividade. Quando atingimos o território nacional claro que me surpreendi. Agradeço o carinho das pessoas que compartilham nosso trabalho.
Apesar dos inúmeros elogios que recebe nos vídeos, já recebeu alguma crítica de populares?
Nem Jesus Cristo agradou a todos. A política, às vezes, não deixa as pessoas que se consideram adversários aceitar algo que promova o bem-estar de todos. Sigo em frente com a proteção do divino Espírito Santo.
Indo para o âmbito político, por pertencer a um partido em que grandes figurões estiveram envolvidos em polêmicas e prisões, como o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e o ex-presidente e Michel Temer, e o senhor sendo a contramão disso, como se sente?
Não tenho mais partido político. Precisei de uma legenda para poder concorrer às eleições, mas acho que poderíamos ter a candidatura avulsa sem a necessidade de um partido. Sobre estes figurões, os eleitores estão se conscientizando e serão julgados nas urnas a cada novo pleito.
Recentemente, o senhor recebeu diversos prêmios por ser “linha dura no combate à corrupção, não desperdiçar dinheiro público e administrar com amor, dedicando seu tempo livre em prol de ações benéficas ao dia a dia”. O senhor acredita que suas atitudes podem ser classificadas como “raras”, hoje em dia, no âmbito político?
Toda autoridade é eleita por Deus. Temos que respeitar o dinheiro público e se considerar um empregado do povo. Eu não mudei meu DNA. Sou o Sérgio Meneguelli de sempre. Não posso desperdiçar o que é meu e, muito menos, o que é do cidadão.
O que acha do governo Bolsonaro e suas propostas?
Todo início é muito difícil. Passei por isso. Agora já podemos observar algumas inovações. É preciso se concentrar no projeto de governar e, com isso, termos dias melhores. Torço para que tudo se encaixe bem e tenhamos um 2020 de muitos avanços.
Qual é o caminho para o Brasil voltar a ser um país de respeito, gerando renda, emprego e estabilidade econômica?
Conscientização para que as medidas apresentadas sejam oficializadas. O desperdício de recursos está sendo controlado e isso é o passo mais importante para que os investimentos possam surgir, proporcionando a geração de emprego e renda.
Qual o segredo para que políticos tenham suas atitudes baseadas na honestidade?
Ter uma equipe que pensa igual o gestor, fiscalizar diariamente cada ação da administração, exigir compromisso, fidelidade e foco no trabalho para que os corruptos não tenham vez. Ser prefeito é estar presente diariamente em todos os setores da administração, se dedicar e participar, discutindo valores, cancelando licitações se os valores forem absurdos, ou seja, “brigar” pelo que é o melhor para a população.
O senhor pretende se reeleger prefeito de Colatina? Quais são seus projetos políticos futuramente?
Digo a famosa frase que “o futuro a Deus pertence”. Hoje quero apenas entregar ao cidadão de Colatina uma cidade melhor do que a encontrei.
Qual a dica deixa para as pessoas que almejam ingressar na política brasileira?
Se tiver em seu coração a vontade de servir e o sonho de realizar algo de bom para sua cidade, isso é ótimo. Se não tiver coragem, determinação e força de decisão, nada adiantará, pois são muitos contrários querendo manipular e mandar. Meu lema sempre foi “coragem para mudar” e comprovei isso. Por isso que estamos avançando.
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