Voluntária busca recuperação de pessoas instaladas em baias no Jandira Trench
Cidade
Ação visa melhorar as condições do local com água potável e instalação de sanitários e chuveiro
Carlos Netto 14/10/2019A situação precária, vivida por algumas pessoas instaladas nas baias do recinto de exposição Jandira Trench, em Penápolis, chamou a atenção de Isabel de Castilho Machi, que ao longo da vida tem se dedicado às causas sociais, sempre buscando atender as famílias carentes e necessitadas, em várias regiões da cidade.
Atualmente residindo na região do Pereirinha, Isabel Castilho continua atuando na área, desenvolvendo ações de ajuda às famílias carentes. Durante muito tempo ela desenvolveu um trabalho voltado para a produção da farinha múltipla, ou farinha multimistura, uma tecnologia social difundida como complemento alimentar para o combate à mortalidade infantil e a desnutrição. Esse projeto, que ficou parado por algum tempo, está voltando aos poucos, conforme declarou Isabel de Castilho.
BAIAS
A reportagem do INTERIOR acompanhou na última semana uma visita de Isabel Castilho nas baias do recinto, e também na praça do Residencial Ipê, local em que o grupo passa o dia. Ela explicou que seu trabalho é levar alimento e também ajuda espiritual para as pessoas instaladas no recinto, mas que a situação deles é muito degradante.
“Eu gostaria que a administração instalasse pelo menos um tanque para que eles lavassem suas roupas, um chuveiro para o banho e um sanitário em condições de uso”, disse.
No local, constatamos que em um dos prédios, ao lado de outros banheiros que estão trancados com cadeados, o sanitário está quebrado, e com parte afundada no cimento, portanto sem condições de uso.
Isabel Castilho explicou que, “dando melhores condições a essas pessoas, poderia haver uma recuperação, com encaminhamento até para o mercado de trabalho.” Segundo ela, são pessoas boas, alguns são bons profissionais, mas caíram nessa vida, se tornando alcoólatras. “A gente precisa ajudar e recuperar, e essas melhorias no local em que eles dormem, poderia ser o início dessa recuperação”, alertou.
Ela lamentou que, na frente das baias existe uma estrutura (Centro de Zoonoses) para cuidar dos cães e gatos, mas do outro, referindo-se à situação do grupo, existem pessoas que também precisam de ajuda, e isso não estaria acontecendo, referindo-se a “pouca atenção que administração municipal estaria dando ao grupo ali instalado”.
PREFEITURA
Depois de acompanhar a visita nos dois locais, à reportagem apresentou as sugestões e reivindicações de Isabel Castilho à administração municipal, via secretaria de Comunicação, buscando informações de como a assistência social do município poderia ajudar essas pessoas em situação de rua.
Em nota, explicaram que o serviço (atendimento às pessoas nessas condições) é executado pelo SOS (Serviço de Obras Sociais), entidade que tem convênio com a Secretaria de Assistência Social e Cidadania. Neste caso, a instituição oferece às pessoas nessa situação, três serviços distintos, que são a abordagem de rua, Casa de Passagem e Casa de Estar.
Sobre a sugestão de colocar um chuveiro e vaso sanitário no local, o Executivo entende que não é viável, pois o poder público não pode fomentar essa situação. “O local não oferece estrutura alguma para o abrigo de pessoas. O objetivo do trabalho assistencial é convencer essas pessoas a deixarem o local e buscar atendimento e auxílio no SOS.”
Embora a reportagem tenha constado cerca de oito pessoas no local a Prefeitura informou que, oficialmente, quatro residem lá, inclusive há um cadastro desses moradores. A nota informou também que a maioria em situação de rua no município está cadastrada em programas sociais, como o Bolsa Família.
RODEIO
Com a aproximação do Penápolis Country Rodeo, entre os dias 24 e 26 de outubro, que será realizado nas dependências do recinto Jandira Trench, local das baias, a situação ficará mais exposta.
Indagado sobre o que seria feito, em termos de assistência, com essas pessoas, a Administração informou que desenvolverá o mesmo trabalho do dia a dia, com a equipe de profissionais do SOS oferecendo abrigo e tratamento na instituição. Também informou que o prédio não será utilizado durante o rodeio.
A reportagem apurou que algumas pessoas que transitam pelo local (por falta de muro, muitos usam como passagem e passeio com animais) sugerem que o local deve ser demolido. A prefeitura descartou essa possibilidade, afirmando que as baias serão usadas pelo (CCZ) Centro de Controle de Zoonoses e Castração da Secretaria Municipal de Saúde.
No local, parte da área já é usada pela Secretaria de Obras e Serviços, além das secretarias de Trânsito e de Agricultura, ficando as baias disponíveis ao CCZ.
ACOLHIMENTO
A Secretaria de Assistência Social informou que não faz visitas ao local, mas todos os dias as equipes do SOS visitam o grupo para convencê-los a buscar atendimento na entidade. Na Casa de Passagem, o SOS oferece alimentação (café da manhã, almoço e jantar), banho e troca de roupas e a possibilidade de dormirem no local.
Relatou que o objetivo principal da atuação do SOS, nesse caso, é retirar essas pessoas da situação de rua. Por isso, são oferecidos os serviços da Casa de Estar. A reportagem apurou que essas pessoas têm dificuldades para receber essa ajuda do SOS, em razão do uso de bebida alcoólica, que não é permitido durante a permanência no local.
Hoje, a estrutura de acolhimento atende 15 homens e oferece todo o suporte para tratamento no Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas) e nas demais estruturas de saúde. Segundo a secretária de Assistência Social, Suely Valdstein de Queiroz, todo o apoio assistencial é realizado para essas pessoas em situação de rua.
“Porém, é necessário a concordância e consentimento dessas pessoas para o abrigamento e tratamento de saúde. O trabalho de Assistência Social segue estritamente as diretrizes do SUAS (Sistema Único de Assistência Social) que garantem os direitos do cidadão e respeitam as escolhas de cada indivíduo”, finalizou. (*) Com informações da Secom-PMP
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